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Lideranças políticas que tentam costurar uma candidatura única de centro para enfrentar Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022 buscam novos apoios para o projeto. Agora, nomes como do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, da ex-ministra Marina Silva (Rede) e do humorista e apresentador de TV Danilo Gentili entraram no radar do grupo que busca uma terceira via.
Recentemente, um manifesto a favor da democracia assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e pelo apresentador de TV Luciano Huck foi tido como embrião dessas negociações. Mas até o momento não há definição de um nome de consenso.
Filiado ao PSB, Joaquim Barbosa chegou a ensaiar uma candidatura em 2018, mas acabou recuando. Desde então vem acompanhando as movimentações políticas e participou de conversas com Huck e mais recentemente se aproximou de Ciro Gomes. Dentro do seu partido, uma ala defende que o ex-ministro seria uma boa alternativa como vice na chapa de Huck, no entanto, até o momento o apresentador da TV Globo ainda não definiu se entrará na disputa.
A sigla de Barbosa ainda estuda as possibilidades de aliança para a disputa nacional do ano que vem. Além da aproximação com o PDT, uma composição com o PT depois do retorno de Lula ao jogo político também não está descartada.
Ainda no campo da centro-esquerda, Marina Silva tem encampado um movimento a favor de Ciro. Entretanto, integrantes da Rede avaliam que a ex-ministra possa assinar uma próxima carta de compromissos entre os presidenciáveis de centro que vem sendo preparada por Mandetta.
Essa carta de unificação entre os presidenciáveis deve trazer um acordo de compromissos mútuos e de pautas de convergência para o país. Além disso, o texto deve trazer um compromisso de apoio a um nome comum em um eventual segundo turno contra Lula ou Bolsonaro. A expectativa é de que o manifesto seja lançado nas próximas semanas.
Danilo Gentili entra no radar do Novo
Apesar de defender uma candidatura única como forma de derrotar Bolsonaro e Lula na disputa do ano que vem, o ex-candidato à Presidência e fundador do partido Novo João Amoêdo passou a defender a candidatura de Danilo Gentili ao Palácio do Planalto. Sem filiação partidária, o apresentador apareceu com cerca de 4% das intenções de votos em uma pesquisa do Movimento Brasil Livre (MBL).
Gentili apareceu empatado com outros nomes como de João Doria, Eduardo Leite e Mandetta. Apesar de não cravar se quer entrar na disputa, o humorista tem mantido conversas com Amoêdo e outras lideranças políticas.
"Ele está aí. Meio que se colocou. Em um primeiro momento, mais pela insatisfação dele com as opções para 2022. Existe um alinhamento de ideias e objetivos [do grupo de presidenciáveis do manifesto com Gentili]. Precisamos construir um polo viável", disse Amoêdo à Folha de S. Paulo.
Uma possível filiação de Gentili ao Novo também tem sido bem vista por integrantes do MBL. O grupo pleiteia lançar diversas candidaturas ao Congresso em 2022 por um único partido e uma candidatura do humorista poderia favorecer seus candidatos. As conversas têm contado com a participação do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e de André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro.
Recentemente, o ex-ministro Sergio Moro disse que votaria em Gentili se ele fosse candidato. O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro foi o responsável pela entrada de Amoêdo no grupo que vem discutindo a candidatura de centro.
Apesar dessas conversas, Gentili deixa em aberto as possibilidades de disputar o Planalto em 2022. Em entrevista ao jornal O Globo, o humorista fez piada sobre a candidatura.
“As únicas coisas que eu vislumbro no momento é que as pessoas sejam vacinadas o mais rápido possível e que a pizza que eu pedi chegue logo, pois eu estou com fome enquanto respondo essa entrevista. Sobre o desempenho dos outros candidatos, eu quero dizer para eles não ficarem tristes. Quando eu for presidente, arrumarei ministério para todo mundo! E com o (Luciano) Huck eu posso fazer um acordo: se ele passar metade das publicidades do programa dele para o meu talk-show, eu passo pra ele todos os meus votos! Aliás, nesse caso, eu mesmo votaria nele!”, disse.