Mortes por Covid-19 no Brasil se aproximam rapidamente da marca de 300 mil.| Foto: Silvio Avila/AFP
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A Gazeta do Povo lançou o e-book Dossiê 2022, para que os nossos leitores tenham à mão todas as informações necessárias para acompanhar o xadrez político das próximas eleições presidenciais. A partir de perguntas formuladas por jornalistas, especialistas das mais diversas áreas dizem quais são fatores que vão influenciar o voto do brasileiro e como eles acreditam que serão as eleições. Este conteúdo é uma parte do e-book, que você pode baixar gratuitamente, na íntegra, ao fim do texto.

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Com os resultados até o momento, a pandemia pode causar impactos nas eleições? Quais?

THIAGO DE ARAGÃO, diretor de estratégia da Arko Advice e assessora diretamente dezenas de fundos estrangeiros sobre investimentos no Brasil e Argentina. Sociólogo, mestre em Relações Internacionais pela SAIS Johns Hopkins University e Pesquisador Sênior do Center Strategic and International Studies de Washington DC, Thiago vive entre Washington DC, Nova York e Brasília. 

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Claro que pode. As pessoas vão avaliar a postura e a capacidade de planejamento de candidatos, principalmente em cargos executivos durante a pandemia. Enquanto a pandemia ainda está acontecendo, as pessoas ainda têm uma visão muito emotiva em relação a isso, o que é absolutamente normal, porque a gente está vivenciando uma tragédia. Mas, no momento que a situação começa a se normalizar, as pessoas vão ter uma análise mais fria e aí a demonstração da capacidade, ou da incapacidade, de gestão e planejamento vão aflorar mais. E aí sim isso vai começar a afetar.

Se a gente chegar no fim do ano com 300 mil mortos, isso é um número absolutamente espantoso, que não pode ser normalizado. E com o passar do tempo, a chance de ser normalizado – principalmente em um período eleitoral – dependendo da forma de como isso é colocado, vai ser difícil. Vai ser difícil um presidente normalizar essa questão. Então, eu acho que vai ter um impacto, sim.

DENNYS GARCIA XAVIER, autor e tradutor de dezenas de livros, artigos e capítulos científicos, é professor de Filosofia Antiga, Política e Ética da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor do Programa de Pós-graduação em Direito (UFU) e diretor acadêmico da Pós-Graduação em Escola Austríaca do Instituto Mises Brasil (IMB). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP - Bolsista FAPESP). Pós- graduado em Administração Pública pela Universidade UNICESUMAR, tem doutorado em "Storia della Filosofia" pela "Università degli Studi di Macerata", pós-doutorado pela Universidade de Coimbra (Portugal) e pela PUC-SP. 

Em termos objetivos, tivemos até aqui um presidente que minimizou os dramáticos efeitos da pandemia, que lidou com grande inabilidade com a dor dos que perderam parentes e amigos para a doença, que apostou alto num discurso antivacina (agora, claro, destruído pelos fatos), que promoveu ele mesmo aglomerações num momento em que isso coloca vidas em risco e que, adicionalmente, se meteu numa rusga política inócua com prefeitos e governadores. Num quadro de fria avaliação, teria enterrado sua carreira política em 2020. Mas a vacinação teve início e, se tudo correr como deve, sem ulteriores sobressaltos, essa atuação funesta tende a ser avaliada com algum grau de indulgência pelo eleitor médio.

Numa perspectiva de reabertura progressiva dos negócios e, então, de alguma melhora no ambiente econômico do país, os efeitos políticos deletérios da pandemia serão mitigados. Não podemos desconsiderar, entretanto, dois pontos nevrálgicos: o recrudescimento da pandemia por conta de eventuais novas cepas não cobertas por vacinas já conhecidas e/ou atuação habilidosa da oposição ao explorar em termos de propaganda o farto material criado pelo próprio presidente durante a pandemia. São, esses sim, dois pontos sensíveis que poderão afetar resultado das eleições.

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FLAVIO QUINTELA, bacharel em Engenharia Elétrica e atua como empresário no ramo de suprimentos médico-odontológicos. É também escritor, autor de dois best-sellers - Mentiram e Muito para Mim, e Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento - e colunista da Gazeta do Povo. Mora nos Estados Unidos desde 2014. 

Acho difícil que a pandemia cause uma mudança significativa nos resultados de uma eleição que ocorrerá daqui a um ano e meio. A não ser que a situação se arraste por muitos meses daqui para frente e cause um agravamento da crise econômica, será difícil atrelar a pandemia às pautas em discussão na próxima campanha eleitoral. Logicamente, os adversários do atual presidente utilizarão o tema para atacá-lo, mas eu não acredito que tenham a competência para fazê-lo de uma maneira que afete seu eleitorado.

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