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Líder em todas as pesquisas eleitorais até o momento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está à frente dos demais candidatos na maior parte das regiões do país. No Nordeste, porém, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) numericamente tem mais intenções de voto, numa situação de empate técnico com Bolsonaro.
Segundo o levantamento mais recente do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado no início de março, Bolsonaro tem 32,2% das intenções de voto em todo o país, enquanto Lula ficou com 18%.
Na segmentação, por regiões, Bolsonaro tem intenções de voto com uma variação relativamente pequena no Centro-Oeste/Norte (35,6%), Sul (35%) e Sudeste (33,3%). Mas, no Nordeste, o atual presidente tem apenas 26,8%, contra 27,3% de Lula.
O favoritismo de Lula no Nordeste, contudo, já foi maior. O porcentual de intenções de voto no petista representa uma perda na fatia do eleitorado de Lula na região de 2020 até agora. Em maio do ano passado, por exemplo, o ex-presidente tinha 38,4% das intenções de voto dos nordestinos. No mesmo período, Bolsonaro avançou de 16,6% para 26,8% no Nordeste.
Região Nordeste é o foco de Bolsonaro
O foco eleitoral de Bolsonaro é vencer Lula no Nordeste, berço eleitoral do petista. Segundo levantamento do Poder Data, o presidente viu sua popularidade chegar a 55% na região no ano passado durante o período em que havia o pagamento do auxílio emergencial. Mas esse número caiu para 29% em fevereiro deste ano, quando o benefício já não era mais pago.
No Palácio do Planalto, a avaliação agora é de que o presidente deve voltar a focar suas agendas no Nordeste. Um assessor palaciano admite que a região deva, mais uma vez, ser a “pedra no sapato" do presidente após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou os processos de Lula no âmbito da Lava Jato e que restituiu os direitos políticos do petista.
“O antipetismo é forte em todo o país, mas no Nordeste a personalidade do ex-presidiário Lula é muito grande. Então ele pode incomodar os projetos do governo no ano que vem”, diz um interlocutor do Planalto, aproveitando para alfinetar o petista.
O governo pretende esperar para ver como a retomada de pagamentos do auxílio emergencial irá refletir na popularidade de Bolsonaro no Nordeste. Mesmo assim, governistas admitem que, com valor menor do benefício e sem uma ampliação dos programas sociais, o resultado na aprovação não deverá ser o mesmo do ano passado.
Por isso, a ampliação do Bolsa Família, nos moldes do que o governo tentou em 2020 com a criação do Renda Brasil, já vem sendo rediscutida no Planalto. O governo pretende discutir com o Congresso uma alternativa para usar quando o auxílio emergencial acabar.
A primeira sinalização nesse sentido foi dada nos últimos dias pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Mesmo assim, ele disse que isso só deve ocorrer após o arrefecimento da pandemia. Segundo Guedes, é preciso reforçar “programas sociais que põem dinheiro no bolso do mais pobre e não no enorme aparelho estatal”.
Sem Lula, Bolsonaro lidera com folga em todas as regiões
Enquanto Bolsonaro tem em Lula um forte oponente no Nordeste, sem o petista o atual presidente lidera com folga em todas as regiões contra os demais presidenciáveis – inclusive entre os nordestinos.
Segundo o último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, num cenário sem Lula, Bolsonaro lidera com 31,9% das intenções de voto. Numericamente à frente dos demais presidenciáveis, Sergio Moro (sem partido) aparece com 11,5%, seguido por Fernando Haddad (PT) com 10,5%.
Nesse cenário, o melhor desempenho de Bolsonaro é no Sul, onde ele tem 35,5% das intenções de votos do eleitorado. A região também é a que Sergio Moro tem seu melhor desempenho, no entanto, esse número é de apenas 13,7%.
Metodologia das pesquisas
O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.080 pessoas em todas as unidades da federação entre os dias 25 de fevereiro e 1.º de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.
Já o Poder Data ouviu 2.500 brasileiros de 423 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 28 e 30 de setembro de 2020. Essa pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais. A outra pesquisa do Poder Data, realizada entre os dias 1.º a 3 de fevereiro de 2021, ouviu 2.500 pessoas em 519 municípios das 27 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais.