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Um áudio atribuído ao deputado federal André Janones (Avante-MG) mostra o parlamentar cobrando de assessores a devolução de parte dos salários. De acordo com Janones, não se trata da prática conhecida como “rachadinha”, mas de uma contribuição dos assessores para que ele consiga recuperar parte do seu patrimônio usado para custear a sua campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016. O áudio foi divulgado nesta segunda-feira (27) pelo jornal Metrópoles.
A reunião teria acontecido dentro da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido de Janones. De acordo com o Metrópoles, Janones não sabia que estava sendo gravado.
O parlamentar chegou à Câmara em 2018 depois de receber mais de 178 mil votos dos mineiros. Em 2022, Janones foi reeleito com quase 239 mil votos.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito [...] Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah, isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, diz Janones ao garantir que não se trata de corrupção.
“O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, continua Janones.
Durante a corrida eleitoral para a prefeitura de Ituiutaba, em 2016, Janones ficou em segundo lugar com 13 mil votos.
“Por exemplo, o Mário vai ganhar R$10 mil (por mês). Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou (SIC) de 2016. Não é justo, entendeu?”, explica Janones ao reforçar que a revelação da prática poderia colocar o seu mandato de deputado federal em risco, porém, demonstra descaso com uma eventual destituição.
“E se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?”, disse.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o gabinete do deputado e aguarda um posicionamento do parlamentar sobre o conteúdo do áudio divulgado pelo Metrópoles nesta segunda-feira (27).
No mês passado, o jornal Metrópoles divulgou outros áudios também atribuídos a Janones em que o deputado grita descontroladamente e diz que seu primo e aliado político “quer roubar milhões”.
O primo de Janones foi candidato a vereador na cidade de Ituiutaba (MG), em 2020, mas não foi eleito. Segundo Janones, ele quer ser prefeito da cidade.
Deputado também é acusado por ex-assessores de assédio moral
Também no mês passado, dois ex-funcionários de Janones acusaram o parlamentar de assédio moral. Um deles já havia, anteriormente, acusado o deputado de rachadinha e racismo.
A denúncia de assédio foi revelada pelo jornal Diário do Poder, após o jornal ter acesso a prints de conversas enviados pelos ex-assessores em que Janones profere insultos e humilha os funcionários.
Nos prints de mensagens de um grupo atribuído à equipe do gabinete, o deputado lulista xinga os funcionários de “burros”, "incompetentes”, “lixos humanos”, “vermes” e outros insultos.
Janones defendeu uso de fake news contra Bolsonaro nas eleições
Em 2022, André Janones abriu mão da pré-candidatura à Presidência para tornar-se o principal cabo eleitoral do então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
O parlamentar assumiu parte da comunicação da campanha e foi o responsável pelo tom agressivo adotado pelos petistas nas redes sociais.
A estratégia consistiu no uso de fake news e ataques contra o candidato e então presidente, Jair Bolsonaro (PL). Segundo Janones, sua “tática de guerra” era necessária para “salvar a democracia”.
O parlamentar chegou a defender abertamente a disseminação de notícias falsas para prejudicar o oponente. A estratégia incomodou até aliados.
Apesar do empenho na campanha e da expectativa de que Janones assumisse a Comunicação do governo após a eleição, o deputado foi preterido pelo presidente.
Antes de virar aliado de Lula, Janones era um crítico ferrenho da corrupção do PT.
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