Em café da manhã com jornalistas, nesta quinta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro falou sobre seu relacionamento com o vice-presidente Hamilton Mourão, a possibilidade de tirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da pasta da Justiça e sobre a privatização de refinarias da Petrobras.
Em relação ao papel do vice, Bolsonaro afirmou que é uma "sombra que às vezes não se guia de acordo com o sol, mas por enquanto está tudo bem".
O comentário foi feito quando Bolsonaro foi questionado como está sua relação com Mourão, que vem sofrendo críticas diárias do vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente.
"Não tem problemas", disse. "Como um excelente casamento, se todo mundo disser sim não vai dar certo", afirmou em café com um grupo de jornalistas convidados. "A gente continua dormindo junto. O problema é quem vai lavar a louça no final do dia", acrescentou o presidente.
Sentado ao lado, o vice emendou: "Ou cortar a grama". Bolsonaro continuou: "Sei que meu filho (Carlos) tem um ânimo um pouco exaltado. Esse casamento (com Mourão) é, no mínimo, até 2022".
O presidente disse que "nem sempre fica satisfeito" com o que seu filho posta, mas garantiu que o vereador vai continuar "colaborando" para as suas redes socais quando perguntando se irá proibir o filho de publicar na sua conta pessoal.
"Pode ter certeza que eu converso com ele e nem sempre fico satisfeito (com o que ele escreve). A experiência de governo, só quem está sentado na cadeira que tem. Eu tenho conversado com ele. Ele tem o comportamento dele. Ele vai continuar colaborando para as minhas redes sociais. Pode ter certeza que o navio dele está indo para um bom caminho", disse.
Quando o assunto crise dominou a entrevista, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, pediu a palavra. "Existe uma obsessão para quem está fora do Planalto de criar cisão entre nós. O Mourão foi meu cadete. Para eu brigar com ele, só se eu assediar a dona Paula", disse, brincando com a mulher do vice, que é recém-casado.
Segundo o ministro, esse tipo de assunto faz com que o País se apequene. "É muito espaço para coisas que não são importantes."
Bolsonaro diz não se opor em tirar o Coaf de Moro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ainda que não se opõe em devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia.
O órgão pertencia ao então Ministério da Fazenda e, com a Medida Provisória 870, que reduziu o número de ministérios do governo, passou a estar subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro. O Coaf era um dos pedidos de Moro para assumir a pasta.
No café com jornalistas, Bolsonaro disse que está preocupado com a prazo de votação da Medida Provisória, que está perto de caducar. A MP vence em 3 de junho. Em conversa com o senador Fernando Bezerra Coelho, que é o relator da MP, Bolsonaro diz ter ouvido o relato de que havia alguns problemas na matéria, entre eles essa mudança do Coaf para a Justiça.
"Não me oponho em voltar o Coaf para o Ministério da Economia, apesar do Paulo Guedes estar com muita coisa. Falei hoje com o Fernando Bezerra sobre o assunto. Tem um ponto ou outro. Se não aprovar será uma bagunça. Teremos que ter mais sete ministros", afirmou o presidente, sugerindo que a consequência disso será do Congresso.
A medida, um dos primeiros atos do governo, diminuiu o número de ministérios de 29 para 22 e reorganizou as atribuições do Executivo.
Com a MP, as funções do Coaf foram mantidas. O órgão tem como principal função examinar e identificar possíveis práticas relacionadas à lavagem de dinheiro, corrupção e financiamento do terrorismo, alertando as autoridades competentes por meio de relatórios.
O Coaf ganhou destaque no noticiário nos últimos meses após apontar transferências atípicas de recursos por parte de Fabrício Queiroz, um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
Privatização da Petrobras
No café com os jornalistas, Bolsonaro ainda comentou que tinha uma “simpatia inicial” por privatizar a Petrobras, mas confirmou apenas que parte das refinarias devem ser vendidas. O presidente confirmou que esse é um projeto aprovado junto à estatal.
Além disso, ele falou sobre o reajuste do preço do diesel, que gerou até mesmo uma ameaça de greve dos caminhoneiros. Para o presidente, o grande problema é o ICMS cobrado nos estados e que não pode impor nenhuma decisão neste sentido.