O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), o vice Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL) enviaram nesta quinta-feira (8) uma carta ao presidente Jair Bolsonaro em que pedem ao chefe do Executivo que confirme ou desminta as acusações feitas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF). O parlamentar relatou à CPI que tomou conhecimento de um esquema de corrupção no Ministério da Saúde e que levou a denúncia diretamente a Bolsonaro - que teria responsabilizado seu líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), pelo sistema.
"Solicitamos, em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas a uma figura central desta administração, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do Deputado Luís Miranda. Tomamos essa iniciativa de maneira formal, tendo em vista que no dia de hoje [8], após 13 (treze) dias, Vossa Excelência não emitiu qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas à Vossa Excelência, que recaem sobre o líder de seu governo", diz um trecho do texto assinado por Aziz, Randolfe e Calheiros.
Na carta, os senadores alegam que o silêncio de Bolsonaro diante do assunto "contribui para a execração do Deputado Ricardo Barros" e que dificulta a implantação de "medidas disciplinares correspondentes".
"Caso Vossa Excelência desminta, de forma assertiva, as palavras do Deputado Luís Miranda, esta Comissão Parlamentar de Inquérito se compromete a dele solicitar esclarecimentos adicionais e provas do que disse", aponta outro segmento da carta.
A carta é finalizada com um versículo bíblico habitualmente utilizado por Bolsonaro e seus apoiadores: "Conhecereis a verdade e ela vos libertará".
"Oportunidade", diz Aziz
Em entrevista coletiva após a sessão da CPI desta quinta, Randolfe e Aziz definiram a carta como uma "oportunidade" para que Bolsonaro preste esclarecimentos. "Eu acho que ele contribuiria muito ao Brasil sobre essa questão. É uma acusação muito séria. E ele está há 12 dias sem se manifestar", afirmou Aziz.
Antes, durante a reunião, Aziz já havia "desafiado" Bolsonaro a responder sobre as falas de Miranda. O senador disse que Bolsonaro tinha a obrigação de se pronunciar diante das denúncias.
Aziz falou sobre o tema em resposta a acusações feitas por Bolsonaro a ele, também nesta quinta: em bate-papo com seus apoiadores diante do Palácio da Alvorada, o presidente disse que o senador havia desviado "R$ 260 milhões" e também criticou Renan Calheiros, que responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF). "Senhor presidente [Bolsonaro], chefe da grande nação brasileira: por favor,diga se o deputado Luis Miranda está mentindo. Diga que o seu líder da Câmara [Ricardo Barros] é um homem honesto", disse Aziz, ao longo da sessão. "Não é o senhor [Bolsonaro] que vai parar essa CPI", acrescentou.
Sexta-feira e próximos passos da CPI
A CPI terá na sexta-feira (9) o depoimento do servidor William Amorim Santana, do Ministério da Saúde. Santana foi citado por duas pessoas que já depuseram à CPI. O também servidor Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado Luís Miranda, afirmou que Santana seria um dos responsáveis pela "pressão" que ele sofreu para agilizar a aquisição das vacinas Covaxin pelo Ministério. Já a servidora Regina Célia Silva Oliveira, fiscal de contratos do Ministério, disse que Santana determinou a liberação de importação da Covaxin.
O senador Randolfe disse que o depoimento de Santana será importante para sanar "contradições" que teriam aparecido com os últimos depoimentos.
Outro ponto de investigação que a CPI deve se pautar nos próximos dias são novas denúncias apresentadas por Miranda. O deputado disse à imprensa que repassou informações à CPI que seriam ainda mais graves do que foi tornado público até o momento. O presidente Omar Aziz confirmou o recebimento do material, mas disse que ainda não avaliou seu conteúdo.
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