Em entrevista coletiva dada na manhã deste sábado (22) em Portugal, onde cumpre agenda, o presidente Lula (PT) entrou em contradição ao falar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. O petista vem sendo alvo de uma série de críticas no continente europeu por declarações dadas na semana passada quando afirmou que a Ucrânia foi corresponsável pela decisão de iniciar a guerra com a Rússia.
Em uma mudança de posicionamento, Lula disse, nesta manhã, que nunca igualou as responsabilidades dos dois países no conflito. Apesar disso, o petista afirmou que nem Rússia nem Ucrânia desejam encerrar a guerra. Lula também manteve o discurso de que o Brasil segue neutro, sem apoiar nenhum dos países, e voltou a falar sobre sua ideia de criar um grupo de países – que envolveria Brasil e China, aliada da Rússia – para discutir um cessar-fogo permanente.
Já o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que concedeu entrevista ao lado de Lula, foi mais direto ao culpar diretamente a Rússia pela guerra.
Declaração conjunta condena conflito na Ucrânia
No final do dia após a cúpula em Lisboa, a declaração conjunta oficial de Lula com o primeiro-ministro António Costa condenou o conflito. No documento, os chefes de Estado “deploram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações do direito internacional”, segundo reporta a EFE.
Lula e Costa também lamentam a “perda de vidas humanas e a destruição da infraestrutura civil, bem como o imenso sofrimento humano e o agravamento da vulnerabilidade da economia mundial causados pela guerra”.
Além disso, expressam sua “preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança alimentar e energética, especialmente nas regiões mais pobres do planeta” e destacam a “necessidade de promover uma paz justa e duradoura”.
Falas de Lula sobre o conflito criaram tensão com europeus
Desde antes de assumir o mandato, o presidente brasileiro vem colecionando declarações polêmicas sobre o conflito, com a repetição de informações falsas originadas na propaganda russa que visam culpar a Ucrânia (país invadido) pela guerra iniciada por Moscou em fevereiro de 2022.
Em entrevista a uma revista americana no ano passado, o petista afirmou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, era tão responsável pelo conflito quanto o mandatário russo, Vladimir Putin. Enquanto evita críticas direta à Rússia, Lula também chegou a fazer diversos questionamentos aos Estados Unidos, à União Europeia e à ONU sob a alegação de que estariam contribuindo para o prolongamento da guerra.
Na última terça-feira (18), Pavlo Sadokha, representante da Associação dos Ucranianos em Portugal – entidade que entregou nesta sexta-feira (21) uma carta de protestos a Lula devido a suas declarações sobre o conflito – publicou nas redes sociais uma mensagem crítica ao posicionamento do presidente brasileiro, em que afirmou que a declaração de Lula demonstra um claro apoio a regimes totalitários, como a Rússia e a China.
Agenda na Europa
Neste sábado, Lula participa da 13ª reunião da cúpula bilateral Cimeira Brasil-Portugal, na qual devem ser assinados acordos entre os países, como a equivalência de diplomas nos níveis fundamental e médio e o reconhecimento de carteiras de motorista. Ainda em terras portuguesas, o petista participará de um Fórum de Negócios em Matosinho, no norte de Portugal, com empresários dos dois países, e fará um pronunciamento no Parlamento do país. Já na Espanha, para onde irá na terça-feira (25), o presidente brasileiro deve participar de um fórum empresarial e se encontrar com o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. O retorno de Lula ao Brasil está previsto para quarta-feira (26).
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