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Em mensagem privada enviada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) revelou ter mágoa do “amigo” e criticou a omissão de Pacheco em relação aos atos considerados abusivos praticados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A troca de mensagens com Pacheco foi enviada por Marcos do Val à jornalista e comentarista do programa “Sem Rodeios”, da Gazeta do Povo, Cristina Graeml, que foi autorizada pelo senador a divulgar o conteúdo da conversa.
Ao ler as mensagens durante o programa “Sem Rodeios”, desta quinta-feira (25), Graeml atribuiu a Pacheco a responsabilidade “pelo fim do Legislativo” e disse que a reação de Marcos do Val mostra que há senadores pressionando o presidente do Senado por uma resposta aos constantes abusos de ministros do STF.
Marcos do Val foi alvo de uma busca e apreensão autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 15 de junho de 2023.
A ação da PF ocorreu três dias após o senador fazer uma postagem em uma rede social afirmando que autoridades receberam informações prévias sobre as manifestações do 8 de janeiro, que terminaram em atos de vandalismo contra os Três Poderes.
O senador teve celular e computador apreendidos. Até o momento, o senador não foi denunciado formalmente, nem teve os aparelhos devolvidos.
Marcos do Val entrou em contato com Pacheco para que o presidente do Senado intercedesse junto ao STF pela devolução dos bens levados na Operação da Polícia Federal (PF), entre eles, aparelhos do próprio Senado utilizados pelos parlamentares no exercício do mandato.
Questionado pelo senador por mensagem, Pacheco se eximiu da responsabilidade, mesmo tendo autorizado a busca e apreensão no gabinete de Marcos do Val dentro do Congresso.
“Caro Marcos, registro sua mensagem com o respeito que você sempre mereceu, acolho-a triste, mas conformado. Discordo do contexto, pois acho injusto você atribuir isso a mim, sabedor de como funciona um órgão colegiado regido pelo critério do que entende e decide a maioria. Confesso que o meu apreço por você não se altera e estou certo de que você reconhecerá quem realmente se preocupa com você, tanto como colega quanto como pessoa. Sigo à sua disposição. Abraços”, disse Pacheco ao ser interpelado por Marcos do Val.
Em uma mensagem de réplica, o senador Marcos do Val deixa claro o seu “descontentamento” com a resposta do presidente do Congresso.
“Fiz questão de deixar claro meu descontentamento com o presidente do Senado e não com o amigo Pacheco, sua amizade é uma das raras coisas boas que levarei do Senado. Você tem um coração muito grande e, por isso, não consegue agir como deveria um presidente do Congresso. É notório os atos inconstitucionais do ministro Alexandre de Moraes, ele é um ser humano perverso e juntou-se a ele o (Flávio) Dino. Sem um fato determinado, você (Pacheco) autorizou a busca e apreensão no dia do meu aniversário, permitiu por uma decisão monocrática a invasão do meu gabinete dentro do Senado Federal. A leitura que faço disso é que você mesmo se dizendo ser meu amigo duvidava ou ainda duvida da minha honestidade, do caráter de um amigo que jamais cometeu ou cometeria algum crime. Quando você pautou o fim das decisões monocráticas, achei que o Senado se levantaria para assumir e fazer o que a Constituição determina, mas não foi como eu e todos os brasileiros pensávamos. Por conta do seu amigo Alexandre, pessoas morreram, outras de mataram, outras foram condenadas à revelia. Não há como defender absolutamente nada do que um único ministro está fazendo com o Brasil. Eu pergunto: O que acharam de ilegal na minha casa, em Vitória (ES), no apartamento funcional, em Brasília, e no meu gabinete? Absolutamente nada. Mesmo assim sigo censurado nas redes sociais e não consigo nem ao menos comentar nas postagens da minha filha, nem nas postagens dos meus pais que já estão com 84 anos de idade. Ainda há tempo de você colocar o Senado no lugar que a Constituição determina e terá a grande maioria dos senadores em sua defesa e muitos brasileiros voltarão a acreditar que deixaremos um futuro melhor. Hoje, eu realmente tenho vergonha de ser senador sabendo que a sociedade nos vê como covardes. Amigo Pacheco, guarde em seu coração o que vou dizer: Se eu estivesse em seu lugar e um ministro, por telefone me comunicando que invadiria o seu gabinete, eu jamais iria autorizar porque é notório que será uma perseguição política, e por não ter dúvida do seu caráter”, diz a mensagem enviada pelo senador a Pacheco.
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