O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, debateu o uso de inteligência artificial no Judiciário com o presidente do Supremo Tribunal Popular da China, Zhang Jun. O ministro foi a Pequim a convite do tribunal chinês e cumpre agenda no país desde o início desta semana.
Em nota, o STF informou que a utilização da IA no sistema processual, sobretudo para a busca de precedentes, foi “amplamente debatida entre os presidentes das duas cortes”, na última segunda-feira (1º). Os dois países avaliam a possibilidade de lançar um projeto de cooperação nessa área.
“A China, diferentemente dos Estados Unidos, têm mais preocupação com a regulação da inteligência artificial, está mais alinhada com a visão europeia. Acho que algum grau de regulação é imprescindível”, afirmou Barroso a jornalistas.
“Eu, para falar a verdade, estou mais preocupado com ferramentas de inteligência artificial que possam aprimorar a eficiência do Judiciário. Nós temos no Brasil interagido com as “big techs”, Google, Microsoft, Amazon, e viemos saber o que eles estão fazendo aqui também”, acrescentou o ministro.
O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Galvão, acompanhou o ministro durante o encontro. “O objetivo da missão é encontrar áreas de interesse comum para o lançamento de iniciativas de cooperação bilateral e aprofundar o conhecimento mútuo dos sistemas judiciais de cada país”, disse o STF.
"Não vim aqui para julgar", diz Barroso sobre viagem à China
O presidente do Supremo disse que, apesar das diferenças entre os sistemas político e jurídico do Brasil e da China, é importante manter o intercâmbio de ideias com o país asiático, informou o jornal O Globo.
“Do ponto de vista político são modelos muito diferentes, do ponto de vista cultural, histórico e institucional. Portanto, aprender no sentido de aumentar o meu conhecimento é bom. No sentido de poder transplantar ideias políticas não. É outro mundo e eu também não vim aqui para julgar, só para aprender um pouco”, afirmou.
Barroso e Jun falaram sobre os principais desafios do Poder Judiciário de seus respectivos países e apresentaram as linhas gerais de projetos para aumentar a eficiência e a transparência da Justiça.
Agenda e cooperação
O presidente do STF também tratou sobre a expectativa de poder usar outras plataformas, como os Brics, para continuar aprofundando o “intercâmbio com o lado chinês”. O bloco político e econômico é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Irã, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Etiópia e Egito.
O ministro palestrou, na terça (2), para cerca de 300 juízes chineses sobre “Inteligência Artificial, Democracia e Mudança do Clima” na Escola Nacional da Magistratura. Ele também se reuniu com o presidente da escola, Li Chengyu.
Já na quarta (3), Barroso se reuniu pela manhã com Wu Weihua, vice-presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo da China. Após o encontro, ele viajou para Xangai, onde se reuniu com Jia Yu, presidente do Tribunal Popular Superior de Xangai, e Lu Weimin, vice-presidente.
Ele também participou, na quinta (4), da abertura da Conferência Mundial sobre Inteligência Artificial (WCAI) e da Conferência de Alto Nível sobre Governança Global da Inteligência Artificial (HLGAI).
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião