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Relações exteriores

Embaixador cobra ida de Lula à Ucrânia: “Não se faz diplomacia com palavras vazias”

O novo embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk. (Foto: Divulgação/Embaixada da Ucrânia no Brasil. )

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O novo embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, afirmou que “passou da hora” de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitar o país que enfrenta a invasão da Rússia. Melnyk disse que o governo ucraniano “leva a sério” a proposta de Lula de se tornar um mediador do conflito.

“Agora, se Lula tem a ambição de desempenhar esse grande papel geopolítico, como poderá ter sucesso se nem sequer foi à Ucrânia desde o início desta guerra? Não se faz diplomacia com palavras vazias. Queremos ver envolvimento real com a questão ucraniana. Precisamos de ajuda concreta”, disse o embaixador em entrevista à revista Veja divulgada nesta sexta-feira (27).

Segundo Melnyk, o presidente ucrtaniano Volodymyr Zelensky convidou o mandatário brasileiro inúmeras vezes para ir ao país. “Cabe ao presidente do Brasil decidir qual será o formato — se irá apenas a Kiev ou também a Moscou. O que conta é sua presença, para compreender melhor a natureza desta guerra: ouvir as bombas, as sirenes e tomar contato com essa brutal realidade em pleno século XXI. Quem sabe assim poderá aperfeiçoar suas propostas para o fim do conflito”, ressaltou o embaixador.

Após vários desencontros, Lula e Zelenski se encontraram pessoalmente no dia 20 de setembro em Nova York, nos Estados Unidos, durante as reuniões bilaterais da Assembleia-Geral da ONU.

Questionado se havia um mal-estar entre os países, o embaixador afirmou que” havia muitos mal-entendidos, equívocos e turbulências. Ridículo, não? Não dava para entender por que dois chefes de Estado não conseguiam se reunir, sendo ambos tão carismáticos e parecidos, em termos de ambição e poder internacional”, disse “Poucos têm posição semelhante às de Lula e Zelensky, que conheço bem. Até abri um vinho quando o encontro aconteceu, e olha que eu nem bebo”, relatou Melnyk.

O Brasil ficou sem embaixador da Ucrânia por quase dois anos, Melnyk garantiu “que não era do nosso interesse que não houvesse embaixador no Brasil, especialmente depois da invasão russa”. “O mais importante agora é que, pela primeira vez, Zelensky nomeou um conselheiro próximo como embaixador. Isso deve ser compreendido pelas autoridades brasileiras como um sinal político bastante positivo”, disse.

Sobre sua atuação na embaixada, ele pontuou que "no Brasil, o desafio é outro", pois precisa "convencer os governantes de que não podem varrer a guerra para debaixo do tapete". "Zelensky me pediu para tentar colocar o conflito na agenda da cúpula do G20, no Rio, e disse: ‘Os brasileiros são importantes pela sua capacidade de atrair o Sul Global’", disse o embaixador.

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