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O embaixador da Ucrânia no Brasil, Andriy Melnyk, criticou uma nova fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura há mais de dois anos. Melnyk fez referência as declarações de Lula que foram feitas no encontro com o presidente da França, Emmanuel, Mácron na última semana.
Lula voltou a subestimar a guerra e disse não estar preocupado com o conflito entre Rússia e Ucrânia, pois enfrenta uma "guerra contra a 'extrema-direita'" no Brasil.
“Eu estou a tantos mil quilômetros de distância da Ucrânia que eu não sou obrigado a ter o mesmo nervosismo que tem o povo francês, o povo alemão, o povo europeu […] Eu tenho muitas guerras nesse país [no Brasil] e, agora, uma verdadeira guerra para garantir o funcionamento das instituições democráticas e a sobrevivência da democracia, contra o totalitarismo, o autoritarismo, a "extrema-direita", contra a barbárie", disse Lula, em coletiva de imprensa, no dia 28 de março.
Em entrevista à rádio ucraniana, divulgada pelo Metrópoles nesta terça-feira (2), o embaixador lamentou a fala de Lula.
“É uma pena, pois todos nós entendemos que por mais distante que seja essa guerra do Brasil e do continente, ela realmente parece distante, mas o que está em jogo são os princípios do Direito Internacional e os princípios do mundo livre. E o comércio internacional é baseado nestes princípios”, declarou o embaixador.
Melnyk também afirmou que “parece que as pessoas [no Brasil] vivem em outro planeta” e apontou a dificuldade debater a guerra no Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares.
“Sobre a guerra, é um fato bastante triste, ninguém quer falar sobre isso. Eles simplesmente evitam por ser inconveniente. Infelizmente, muito lamentavelmente, a Ucrânia aqui na América Latina está absolutamente sozinha”, criticou Melnyk.
Outra crítica de Melnyk foi com relação a “neutralidade” e o comércio brasileiro com a Rússia durante a guerra. “O Brasil não apenas continuou relações econômicas e comerciais com a Rússia, o país agressor, mas fortaleceu essas real ações, não só com fertilizantes que eram tradicionalmente importados, mas principalmente combustíveis, não apenas diesel, mas óleo combustível, se tornando o maior exportador para a Rússia”, declarou o embaixador.
No início de 2023, Lula chegou a condenar a invasão da Rússia sobre a Ucrânia, alegando que o presidente russo Vladmir Putin cometeu um "cometeu o erro clássico de invadir o território de outro país”. No entanto, o petista mudou de discurso após dizer que os dois países tinham responsabilidade do conflito.