O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados.
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Uma empresa que tem entre seus sócios Arthur Lira Filho, de 23 anos, filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), intermediou negócios de publicidade nos principais órgãos do governo federal e em bancos públicos, informa o jornal Folha de S.Paulo.

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Segundo a publicação, veículos de mídia representados pela companhia, chamada Omnia 360, receberam pagamentos para distribuir campanhas Secretaria de Comunicação Social (Secom), dos ministérios da Saúde e Educação, do Banco do Brasil e da Caixa.

Além de Arthur Lira Filho, consta como sócia da empresa Maria Cavalcante, 25, filha de Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira que foi alvo de operação da Polícia Federal sobre desvios na compra de kits de robótica. Figura no quadro societário ainda a publicitária Ana Magalhães.

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Segundo a Folha, empresas de mídia representadas pela Omnia receberam cerca de R$ 6,5 milhões apenas do Ministério da Saúde. Ao jornal, a pasta informou que os pagamentos foram feitos para as empresas OPL Digital e RZK Digital, ambas clientes de Lira Filho, segundo a publicação.

As mesmas empresas teriam recebido cerca de R$ 2 milhões da Secom – R$ 1,42 milhão pagos à OPL, e R$ 594 mil, à RZK. Parte dos valores foram desembolsados entre 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), e o restante em 2023, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A OPL recebeu ainda R$ 114 mil em campanhas de mídia do Ministério da Educação.

Ambas as empresas estão na lista de veículos pagos em campanhas do Banco do Brasil e da Caixa em 2022, embora as instituições não tenham detalhado o montante desembolsado.

Segundo a Folha, a Omnia recebe uma parcela do pagamento feito pelas agências contratadas pelo governo e bancos públicos para os veículos de mídia. A OPL afirmou que a Omnia recebe 15% dos valores líquidos negociados com as agências do governo.

Questionada pelo jornal sobre as negociações em diversos órgãos públicos, a Omnia disse que a atividade de representação comercial "consiste justamente em promover os produtos do representado para o trade do seu setor".

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"Faz parte das atividades da Omnia 360 fazer encontros nas agências de publicidade e apresentar novidades e detalhes técnicos aos anunciantes. Algo corriqueiro nas atividades do mercado publicitário, público e privado", afirmou a empresa.

A OPL disse que está presente em campanhas de clientes de diversos setores, enquanto a RZK foi procurada e não se manifestou.

À Folha, o presidente da Câmara enviou nota em que diz que "não há nada de errado no desenvolvimento funcional da empresa do meu filho, e muito menos ingerência minha na sua atividade empresarial".

A Secom e os ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social não se manifestaram. O BB disse não manter contrato com as clientes da Omnia, pois a compra de espaço publicitário seria feita pelas agências. Já a Caixa afirmou, em nota, que os detalhes de negociações comerciais de publicidade são considerados estratégicos e recebem sigilo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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