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Empresário amigo de Ricardo Barros vira novo alvo prioritário da CPI da Covid

Ricardo Barros em depoimento à CPI da Covid
Deputado Ricardo Barros em depoimento à CPI da Covid no último dia 12: comissão vai ouvir empresário ligado ao líder do governo na Câmara. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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A CPI da Covid do Senado deve transformar o empresário Marcos Tolentino em seu principal foco de investigações. Tolentino é amigo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e apontado como “sócio oculto” da FIB Bank, a empresa que atuou como garantidora do contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para a compra de vacinas. Ele prestará depoimento à comissão na próxima quarta-feira (1º).

O nome de Tolentino é citado pela CPI há tempos e o pedido de sua convocação foi apresentado ainda em 30 de julho pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sendo aprovado em 3 de agosto pelo colegiado. Porém, o foco no empresário se fortaleceu após o depoimento da quarta-feira (25), quando a CPI recebeu Roberto Pereira Ramos Júnior, presidente do FIB Bank.

A avaliação de senadores que participaram da oitiva com Ramos é a de que ele não é o verdadeiro comandante do FIB Bank e que, em seu depoimento à CPI, buscou proteger outras pessoas. Parlamentares como Eliziane Gama (Cidadania-MA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Leila Barros (Cidadania-DF) utilizaram expressões como “laranja” e “testa de ferro” para se referir a Ramos.

A desconfiança dos senadores se deu pelo fato de Ramos mostrar desconhecimento sobre atividades da empresa que preside, como informações de terrenos que compõem o patrimônio do FIB Bank e parceiros de negócios da companhia. Ele, por exemplo, disse não conhecer Francisco Maximiano, o proprietário da Precisa — apesar de as duas empresas terem firmado um contrato milionário.

Outros elementos que reforçam a conexão entre Tolentino e o FIB Bank, e que na avaliação dos senadores não foram esclarecidos por Ramos, são o fato de empresas de Tolentino terem o mesmo endereço de outras empresas acionistas do FIB Bank.

A atuação do FIB Bank como garantidora no contrato para a compra de vacinas foi muito contestada pelos senadores. Segundo eles, a empresa não tem a solidez necessária para o processo. Os parlamentares destacaram inconsistências como o valor bilionário (R$ 7,8 bilhões) que a companhia declara ter de capital social, algo incompatível com uma instituição do porte do FIB Bank.

Depoimento do dia deixa governistas e oposição na bronca

As contestações ao FIB Bank uniram senadores aliados e adversários do presidente Jair Bolsonaro. Os dois grupos se revezaram nas críticas a Roberto Ramos. É possível também que a “sintonia” se repita quando Tolentino seja ouvido pela CPI, na próxima semana.

“O FIB Bank tem todos os requisitos de uma empresa de fachada", declarou o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). Ele citou que a empresa tem contratos com outros segmentos do poder público, como estados e municípios, e disse esperar que a CPI avance também sobre estas negociações.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ressaltou que toda a documentação sugere que Tolentino é o proprietário real do FIB Bank. “As duas empresas que compõem o FIB Bank, uma tem o mesmo endereço do escritório do Tolentino. A outra é de um dono, de um sócio, que é amigo e sócio do Tolentino. Então parece um triângulo. Mas isso, essa exposição, vai ficar esclarecida na próxima audiência, quando o Marcos Tolentino vier", disse.

A discordância entre governistas e oposicionistas se dá em relação ao conhecimento de integrantes do governo federal nas negociações empreendidas por FIB Bank, Precisa e as outras companhias conectadas ao episódio. Tebet e os demais que integram a oposição a Bolsonaro apontam que as empresas tiveram facilidade de se apresentar ao do governo e que isso indica conivência — ou participação — de membros do primeiro escalão no caso. Eles também consideram que a CPI foi a responsável por inibir o avanço de outras negociações com o mesmo perfil.

Os governistas, por outro lado, ressaltam que os contratos sob análise da CPI não chegaram a ser efetivados e nenhuma despesa foi efetuada, e atribuem isso a mecanismos de controle do próprio governo. “A oposição fez um grande carnaval em cima disso. Mas a realidade é que o governo poderia ter sido vítima", declarou Rogério.

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