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O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em um áudio atribuído a ele vazado à imprensa nesta semana, que teria sido pressionado pela Polícia Federal a fazer o acordo de delação premiada que investiga, entre outros casos, a suposta tentativa de golpe de Estado por um grupo de ex-ministros, ex-assessores, aliados e militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O conteúdo foi divulgado pela revista Veja na noite de quinta (21) e gerou repercussão imediata nesta sexta (22) entre parlamentares da oposição, a defesa de Bolsonaro, a própria Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes, que conduz os processos relativos a isso na Corte, mandou prender Cid logo depois de uma audiência para prestar esclarecimentos sobre as gravações.
Cid teria dito nos áudios, supostamente atribuídos a ele junto de um interlocutor não identificado, que os investigadores da autoridade “não queriam saber a verdade”, e que já estariam “com a narrativa pronta” apenas para ele confirmar as versões. O militar ainda afirmou que Moraes “é a lei” que prende e solta quando e como ele quiser.
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Segundo a reportagem da revista Veja, os áudios foram gravados na semana passada após Cid prestar depoimento à Polícia Federal no último dia 11. A oitiva fez parte do acordo de delação premiada firmado no ano passado que o livrou cautelarmente da prisão após ser detido durante a Operação Venire, em maio, na investigação das supostas fraudes em cartões de vacina.
No começo desta semana, Cid e a esposa, Gabriela, foram indiciados pela Polícia Federal no caso dos cartões, junto de Bolsonaro e outras 14 pessoas. O advogado dele, Cezar Bittencourt, confirmou à Gazeta do Povo a insatisfação com o indiciamento e afirmou que iria contestar no STF.
No depoimento mais recente, Cid teria detalhado reuniões em que Bolsonaro supostamente pressionou os ex-comandantes das Forças Armadas a participarem de um golpe de Estado. Nos áudios divulgados pela Veja, Cid afirmou que Moraes já tem a “sentença pronta” e só está esperando o momento certo para prender “todo mundo”.
Ele ainda relatou a insatisfação com os desdobramentos das investigações, afirmando que teve a carreira militar prejudicada. “Ninguém perdeu carreira, ninguém perdeu vida financeira como eu perdi. Todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo, né? O presidente teve Pix de milhões, ficou milionário, né”, questionou.