Movimentos de esquerda brasileiros assinaram e enviaram uma carta de apoio ao ditador Nicolás Maduro. O documento, intitulado Solidariedade dos Movimentos Populares brasileiros ao povo da Venezuela, tem assinaturas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União da Juventude Socialista (UJS), do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), entre outros. O Partido dos Trabalhadores (PT) não assinou o documento, mas o secretário de relações internacionais da legenda, Romenio Pereira, e parlamentares aderiram à carta.
Além de sair em defesa do pleito presidencial e do regime imposto ao país, o documento afirma que María Corina Machado, líder da oposição a Maduro, é "representante da extrema-direita bolsonarista" e que "tentou concorrer às eleições sabendo que já estava impedida pelo poder judiciário". A candidata, principal nome da oposição no país, foi inabilitada de concorrer às eleições por 15 anos.
Nos últimos meses, Maduro tem dificultado a candidatura de opositores ao pleito marcado para o dia 28 de julho. Com as manobras, o venezuelano foi alvo de críticas até mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), amigo e defensor de Maduro.
"A Venezuela tem um sistema eleitoral democrático, que usa urnas eletrônicas e que tem também voto impresso, para checagem. Realizou mais de 30 eleições nesse período. Todas auditadas por autoridades judiciais internacionais, inclusive do Brasil", diz o documento, sem citar que as últimas eleições realizadas no país, em 2019, não foram reconhecidas pela comunidade internacional.
A carta continua dizendo que "o poder eleitoral é independente e está ao mesmo nível do que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo". Especialistas já contestaram esta tese, levando em consideração que o país vive em um regime de ditadura manipulado por Nicolás Maduro. O autocrata é apontado como influente e soberano sobre os órgãos do país.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, agradeceu o apoio da esquerda brasileira. "Em nome do presidente Nicolás Maduro, expressamos nossa gratidão aos movimentos populares brasileiros pela solidariedade nesta mensagem que analisa com rigor a situação política na Venezuela e exorta ao respeito ao nosso povo e ao seu legítimo direito à autodeterminação", escreveu.
Contradições na carta
Com 19 argumentações, a carta de movimentos da esquerda brasileira também diz "há total liberdade de imprensa no país, com diversas televisões e jornais que fazem oposição aberta ao governo, onde os opositores falam o que querem". Mas essa não é realidade verificada no país. Em março, o ditador Nicolás Maduro ordenou o cancelamento da transmissão de sinal do canal alemão Deutsche Welle de todas as empresas de serviços a cabo do país.
A medida, de acordo com o regime ditatorial de Maduro, ocorreu porque a emissora supostamente estaria promovendo a "difusão de conteúdo e promoção de propaganda de ódio" na Venezuela.
Dias antes da medida, a empresa havia feito publicações em suas redes sociais baseadas em dados da Transparência Internacional, que colocavam a Venezuela entre os países mais corruptos do mundo.
A carta também pede o fim do "bloqueio econômico" dos Estados Unidos ao país e que o povo venezuelano "possa usar seu principal patrimônio do Petróleo, para recuperar o desenvolvimento do país". Caracas sofre uma série de embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos como uma tentativa de pressionar Maduro a adotar um regime democrático.
Nos últimos meses, contudo, Washington concordou em remover as sanções desde que Nicolás Maduro se comprometesse a promover eleições democráticas e transparentes no país. Empresas norte-americanas, inclusive, voltaram a comprar produtos provenientes do minério venezuelano. A permissão, porém, foi revertida no momento em que o venezuelano deu indícios de manobras eleitorais, com a inabilitação de María Corina Machado.
Além disso, recentemente, Corina Yoris, substituta indicada por María Corina Machado, não conseguiu se candidatar para concorrer ao pleito. A situação foi questionada por diversos países e Maduro alegou que Yoris "não representava a oposição".
Quem assina a carta
- Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil – CONTRAF-Brasil
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
- Centro brasileiro pela paz – CEBRAPAZ
- Central de Movimentos Populares – CMP
- Centro de estudos de religiões de matriz africana – CENARAB
- Coordenação nacional de comunidades Quilombolas – CONAQ
- Conselho Pastoral dos/as Pescadores/as- CPP
- Frente Evangélica pelo Estado de Direito
- Levante Popular da Juventude – LPJ
- Marcha Mundial de Mulheres- MMM
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra- MST
- Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP
- Movimento Brasil Popular – MBP
- Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
- Movimentos dos Atingidos por Barragem – MAB
- Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
- Movimento dos Trabalhadores Desempregados- MTD
- Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM
- Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo – MTC
- Partido comunista do Brasil- PcdoB
- Rede de Médicos e Medicas Populares- RMMP
- Uniao da juventude socialista-UJS
Além das entidades, há uma série de assinaturas de pessoas físicas, inclusive de parlamentares, secretários de partidos, políticos atualmente sem mandato, religiosos e profissionais liberais.
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