O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse em coletiva de imprensa nesta terça-feira (2) que existe um “esforço deliberado” de opositores do governo para prejudicar a imagem do Brasil no exterior. Araújo afirmou que alguns grupos tentam criar “uma obra de ficção” para ser “vendida como a realidade do Brasil”.
O chanceler começou falando sobre o valor da liberdade de expressão e da importância da diversidade de meios de comunicação para evitar as narrativas falsas sobre o país. Ele criticou a abordagem de alguns veículos de que a gestão do Itamaraty seria prejudicial aos interesses comerciais do Brasil. “Por exemplo: nosso saldo comercial cresceu nos últimos dois anos, nos anos que estamos aqui”, disse. “Temos um resultado de balança comercial que atingiu US$ 50 bilhões de saldo [em 2020], mesmo com a pandemia.”
O ministro afirmou que o país está construindo “uma rede de acordos comerciais de nova geração” e citou o estreitamento das relações comerciais com blocos e países como União Europeia, EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Canadá, Singapura, Coreia do Sul e Estados Unidos – com este último, segundo ele, o Brasil continua “com planos de negociações mais profundas” mesmo com a chegada de Joe Biden à Casa Branca.
Araújo afirmou que a abertura a novas relações comerciais e o “abandono de modelo de economia fechada e estatismo” de governos anteriores “faz parte de um compromisso, de um plano, de transformar a economia brasileira em uma verdadeira economia de mercado”.
Sobre a relação com o ex-presidente Donald Trump, o chanceler brasileiro criticou as afirmações de que haveria alinhamento automático entre os dois países, e de que, com a nova administração, os laços se romperam.
Ele disse que o Brasil precisa “ter uma relação profunda com os Estados Unidos” e que essa parceria continua sendo de “importância vital para os setores industriais e de alta tecnologia”. Um acordo amplo de livre comércio entre os dois países, que era uma intenção durante o governo Trump, segue sendo uma intenção do Itamaraty, de acordo com o ministro. “Esse encaixe continua sendo totalmente possível e já estamos trabalhando sobre isso com a nova administração.”
Questionado sobre uma carta do senador democrata norte-americano Robert Menendez que pedia ao governo brasileiro para condenar a invasão do Capitólio nos EUA, Araújo disse que já fez isso claramente, e que em nenhum momento aprovou os atos violentos, como sugeriram alguns meios após postagens suas no Twitter.
Segundo ele, sua intenção era se opor à narrativa “que procurava demonizar todo tipo de manifestação popular ligada a movimentos conservadores” após a invasão ao Capitólio. “Jamais seríamos a favor de qualquer violência política”, disse o ministro. A sua única preocupação, afirmou, era o risco do “cancelamento de vozes conservadoras simplesmente pelo fato de serem conservadoras”.
Ernesto Araújo critica entrevistas de personalidades do Brasil no exterior
Ao comentar o esforço de alguns grupos “de criar uma imagem negativa do Brasil no exterior”, Ernesto Araújo criticou algumas declarações de personalidades brasileiras a meios de comunicação do exterior tentando sugerir a existência de “um retrocesso democrático no Brasil”. “Nós temos uma democracia vibrante, com total independência de Poderes”, disse o ministro.
Para o chanceler, o esforço de prejudicar a imagem do Brasil no exterior parte de "setores que não querem todo esse processo de abertura no qual nós estamos engajados”. “Eles sabem que essa relação é transformadora, transforma o velho sistema de corrupção e atraso ao qual essas pessoas estão ligadas, do qual têm saudades.”
Araújo acredita, no entanto, que os ataques à sua administração do Itamaraty não serão capazes de enfraquecer a parceria com os Estados Unidos. “Felizmente, pessoas da administração Biden estão abertas à boa informação”, afirmou.
Sobre as relações com a China, o chanceler disse que a ideia de que haja um atrito "absolutamente não é verdade", mas que havia uma distorção na política externa do Brasil, que ele está buscando corrigir em seu mandato: a de ver a China, maior parceira comercial em nível de transações, como única parceira do Brasil. A preponderância do comércio com a China "não significa que [o país asiático] seja o único eixo da nossa inserção internacional", disse o ministro. "Das grandes economias do mundo, o Brasil talvez tenha uma das melhores relações com a China."
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