Completa um mês neste sábado (13) o massacre que vitimou 7 pessoas na Escola Estadual Raul Brasil e deixou o município de Suzano (SP) profundamente abalado. Apesar da dor, iniciativas tentam fazer a comunidade se reerguer. Ao longo do dia de hoje, por exemplo, um parque do município recebe uma homenagem chamada “Suzano pela Paz”, que busca promover reflexão, união e compartilhar mensagens positivas com as famílias das vítimas. Para o ambiente da escola, enquanto isso, uma das ideias para recuperação é a implantação de um novo projeto arquitetônico, que deve incluir um jardim e um tatame.
Proposto à Secretaria de Educação de São Paulo, o projeto deverá ser avaliado pelo governo, pela direção da escola, por pais e por alunos antes de ser colocado em prática. A ideia sugere instalações que tenham uma ligação afetiva com a cidade. Entre elas, a plantação de um jardim cerejeiras, por exemplo, árvore símbolo para imigrantes japoneses — a cidade tem uma das maiores comunidades nipônicas do estado — e tatames, referência à política inclusiva do município na prática de artes marciais.
Para Rossieli Soares, secretário de Educação do governo estadual de São Paulo, o plano é que "a Raul Brasil seja uma nova escola, mas sem perder a sua identidade". As obras serão custeadas por meio de parcerias com a iniciativa privada. Mas, para que haja uma verdadeira transformação no ambiente, será preciso muito mais do que uma reforma.
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Ações após o atentado
Reaberto seis dias depois do atentado, o colégio teve todo o calendário pedagógico alterado. Até então, as aulas continuam intercaladas com rodas de conversa, palestras e trabalhos culturais. De acordo com Beatriz de Souza Reis, de 16 anos, presidente do Grêmio Estudantil da Raul Brasil, os alunos foram avisados de que não terão avaliações com nota neste bimestre. "Vejo muitos colegas chorando no pátio e pelos cantos. Vai levar muito tempo para tudo voltar ao que era antes".
Para alguns docentes, há o entendimento de que ainda não está sendo feito o suficiente. É o caso de Ana Lúcia Ferreira, diretora do sindicato dos professores de Suzano, que acredita que o futuro da Raul Brasil preocupa por falta de propostas pedagógicas claras. Ana Lúcia também demanda que os pais e professores sejam mais ouvidos.
De acordo com o secretário de Educação, que diz ser contra o fechamento e militarização da escola, também foram contratados psicólogos para atender na escola por dois anos.
Mesmo assim, entre os pais há a preocupação sobre a efetividade dessas ações. "Queremos a certeza de que o apoio psicológico vai funcionar sem interrupções", afirma Juliana Ribeiro, 35 anos, porta-voz da comissão de pais.
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Outro receio dos pais é quanto à segurança no local, conforme explica Juliana. Por enquanto, os alunos e professores têm usado um portão lateral para acessar o colégio. O movimento é controlado por um funcionário. Todos os alunos e professores começaram a ser fotografados e usarão um cartão com identificação e foto para entrar e sair na escola.
Mesmo assim, há quem acredite que nenhuma ação poderia ser mais eficiente do que transferir a escola de local. "O clima é de pressão e intimidação. Não haverá trabalho psicológico algum que mude o que aconteceu ali. Não adianta, como fizeram, pintar o piso do saguão. A tragédia está impregnada", disse à Folhapress uma professora que leciona no 6º e no 9º do ensino fundamental, e não quis ser identificada.
Atentado em Suzano
O atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), aconteceu no dia 13 de março, quando dois ex-alunos invadiram o local e atiraram a esmo. Foram mortos cinco estudantes, além de duas funcionárias da escola. Outros 11 alunos ficaram feridos. Antes de entrarem no colégio, os atiradores chegaram a matar o tio de um deles, um comerciante, dono de uma revenda de carros e lava car da região. Após os disparos no colégio, os atiradores, de 17 e 25 anos, se suicidaram.
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A escola oferece ensino fundamental e médio e um centro de estudos de língua. A unidade educacional tinha ao todo cerca de mil alunos, a partir da 5ª série. A maioria dos estudantes estava no ensino médio (693), parte nos anos finais do ensino fundamental (358) e alguns na educação especial (16), segundo informações de 2017. Ao todo, o local contava com 105 funcionários antes do massacre.
Ainda não se sabe quantos professores pediram afastamento nem o número exato de alunos transferidos da escola. À Folha, o secretário diz que tem conhecimento de duas transferências de docentes. Os alunos ouvidos pela reportagem citam dez casos.