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Relação com Congresso

Escolha para o MEC fortalece Onyx e ‘olavistas’, mas não ajuda na reforma da Previdência

Abraham Weintraub, ministro da Educação de Bolsonaro
Abraham Weintraub, novo ministro da Educação de Bolsonaro. Foto: Rafael Carvalho/Casa Civil (Foto: Rafael Carvalho/Divulgação Casa Civil)

A nomeação de Abraham Weintraub para substituir Ricardo Vélez Rodríguez no Ministério da Educação (MEC) foi a "solução caseira" encontrada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro para resolver a disputa interna que paralisava a pasta. A escolha fortalece a ala "olavista" do governo e o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni e o seu partido. Mas não ajuda na aprovação da reforma da Previdência, já que chegou a ser cogitado aceitar a indicação de algum partido no Congresso para que passasse a compor a base de Bolsonaro.

Weintraub, até ser nomeado ministro, era secretário executivo da Casa Civil –uma espécie de "vice" de Onyx. Ele não havia sido lembrado até então para ocupar a cadeira. Mas foi a saída de última hora.

Políticos do PSDB e PRB estiveram na lista de cotados

Em dois encontros de auxiliares com Bolsonaro, no fim de semana, a meta era achar um perfil de ministro que também ajudasse na articulação da reforma da Previdência no Congresso. Conselheiros do presidente sugeriam um político para o cargo. Nesse arranjo, a secretaria executiva do MEC ficaria sob a responsabilidade de alguém com mais capacidade de gestão.

Uma das possibilidades aventadas era fazer uma dobradinha entre o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e Ivan Camargo, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). Outro nome mencionado era o do deputado João Roma (PRB-BA). Havia, porém, outros citados, como os generais Oswaldo Ferreira e Alessio Ribeiro Souto. Bolsonaro parecia mais inclinado por Camargo.

De qualquer modo, a articulação por um político teria o objetivo de costurar o ingresso oficial de algum partido na base de apoio de Bolsonaro no Congresso – o que, por sua vez, é visto como necessário para a aprovação da reforma da Previdência.

Solução 'olavista' foi a escolhida

A surpresa veio mais tarde, quando Bolsonaro anunciou a decisão de entregar a pasta, mais uma vez, para aliados do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Passaram a ser cotados para ministro, então, o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, e o ex-secretário executivo adjunto Eduardo Melo.

Diante desse quadro, Onyx sugeriu Weintraub. Era, na definição do chefe da Casa Civil, a saída ideal: um técnico ligado a Olavo mas que também tinha a confiança do Planalto. A escolha fortalece Onyx e os olavistas, mas não atende à intenção de construir uma base de apoio. Weintraub não é visto nem mesmo como uma indicação do partido de Onyx, o DEM.

Como o novo ministro chegou lá

Economista, Weintraub foi levado para a campanha de Bolsonaro por Onyx, que o conheceu no Congresso em um seminário sobre Previdência, em 2017. Entusiasmado com suas propostas e com as de Arthur, seu inseparável irmão, o então deputado do DEM os convenceu a dar uma espécie de "consultoria" ao colega de Câmara.

"Eu me lembro do dia no qual nós desejávamos que ele [Bolsonaro] compreendesse o quanto era importante a independência do Banco Central para dar solidez à economia. Ele foi falar 20 minutos com um tal professor paulista da Unifesp [Weintraub]. Ficou duas horas. Era contra e saiu a favor. A partir daí, fizemos o plano de governo", contou Onyx na segunda-feira (8).

Em 2018, os irmãos acompanharam o pré-candidato na viagem ao Japão e à Coreia do Sul. Questionado no ano passado, sobre a decisão de apoiar Bolsonaro, Weintraub falou sobre patriotismo. "Diante de ameaças é necessário lutar pelo país em que se vive. Os venezuelanos descobriram isso muito tarde. Perderam o controle de sua pátria e hoje são colônia dos ditadores que controlam Cuba. São escravos", escreveu. Na entrevista, rechaçou a pecha de direitista. "Esquerda ou direita, acho que é uma rotulação pobre. Somos humanistas, democratas, liberais, lemos a Bíblia (Velho e Novo Testamento) e a temos como referência."

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