Ouça este conteúdo
O escritor israelense Yossi Halevi, considerado uma das principais vozes da busca pela paz no Oriente Médio, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por constantemente condenar a resposta de Israel aos ataques terroristas do Hamas que levaram à guerra iniciada há quase dois meses.
Halevi reagiu às afirmações de Lula de que o contra-ataque do exército israelense também poderia ser considerado “igual ao terrorismo”, e de que o país não tem o direito de “matar milhões” por conta do ato do grupo terrorista. O presidente vem repetindo inúmeras vezes em discursos e lives na internet a condenação à resposta de Israel.
“Qualquer pessoa que reaja com maior indignação à resposta de Israel ao massacre do que ao próprio massacre tem uma falha moral. Não me sinto obrigado a ouvir ou respeitar essas vozes. Vejo essas vozes com desprezo”, disse o escritor em uma entrevista publicada nesta segunda (27) pela Folha de São Paulo.
Yossi Halevi afirma que as pessoas que estão tratando-o como se fosse um “praticante de genocídio” por conta da resposta militar de Israel “não têm nenhum direito moral” sobre sua consciência. “E se o presidente do Brasil se encaixa nessa categoria, se a carapuça servir, que assim seja”, disparou o escritor contra Lula.
Além de condenar a resposta de Israel contra o Hamas, Lula também defende a solução de dois estados soberanos para a região, de Israel e da Palestina convivendo pacificamente. Essa é também a defesa de Halevi, mas que está longe de acontecer neste momento do conflito.
“Isso agora é inconcebível para os israelenses. Se você falar com os israelenses agora sobre um Estado palestino na Cisjordânia, eles vão lhe dizer, de forma muito razoável, que, depois do que acabou de acontecer em Gaza, como poderíamos correr o risco de duplicar Gaza na Cisjordânia”, questionou.
O escritor vê, ainda, que o conflito não deve “acabar tão cedo”.
Desde que concluiu a primeira fase de repatriação de brasileiros e parentes diretos que estavam em Israel, na Cisjordânia e em Gaza, Lula engrossou o discurso contra a resposta israelense ao Hamas, não poupando críticas aos sucessivos bombardeios às estruturas utilizadas pelo grupo terrorista no território palestino.