Pelas redes sociais, a senhora Mariana Adôrno Naime - esposa do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) - rebateu uma declaração do secretário-Executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, sobre um suposto conflito com o coronel no dia 9 de janeiro de 2023 durante o transporte de manifestantes para a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde permaneceram detidos por alguns dias.
Pela rede social X, Cappelli disse que o coronel Naime ordenou que os ônibus com os manifestantes parassem no meio caminho e isso teria sido motivo de "enfrentamento” entre os dois.
“Na manhã do dia 9 de janeiro de 2023, os ônibus com os golpistas saíram do QG do Exército e, misteriosamente, não chegavam na sede da PF. O coronel Jorge Naime havia mandado os ônibus pararem no meio do caminho. Meu enfrentamento com ele foi um dos momentos emblemáticos”, escreveu o secretário em seu perfil, nesta terça-feira (9).
Em resposta à versão apresentada pelo secretário, a esposa do coronel disse que a decisão não foi tomada isoladamente pelo militar e que foi uma “adequação logística” necessária para poder dar condições de acomodação a todos os presos.
“Seu olhar técnico e experiente foi comprovado na medida que avançam as investigações. É preciso relembrar que os ônibus, ao chegarem à superintendência, não tinham estrutura física para receber as milhares de pessoas que vinham do QG. Por isso, foram levados à Academia da Polícia Federal, onde acomodaram com mínima dignidade humana, milhares de pessoas, idosos e crianças. O Naime não tomou essa decisão sozinho, ele tratou com seus superiores hierárquicos e também estava acompanhado de vários delegados da Polícia Federal, com os quais adequou toda a logística para a chegada ao local definido. O fato é que todas as pessoas chegaram em segurança, não houve fuga de ninguém e muito menos comprometeu a determinação do ministro Alexandre de Moraes”, disse Mariana.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério da Justiça para confirmar a versão apresentada pelo secretário-Executivo, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O jornal permanece aberto para quaisquer esclarecimentos da pasta sobre o caso.
Coronel Naime está preso há quase um ano por ordem do ministro Alexandre de Moraes. O militar é acusado de suposta omissão para conter os atos do dia 8 de janeiro.
Coronel Naime foi preso no dia 7 de fevereiro de 2023 durante desdobramento da Operação Lesa Pátria, mas só teve denúncia enviada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao ministro Alexandre de Moraes em agosto por meio de uma petição sigilosa.
Em setembro de 2023, diferente do relatório da Polícia Militar do DF que atribuiu ao coronel os crimes de prevaricação e inobservância, a Polícia Federal (PF) emitiu um relatório sobre os atos do dia 8 de janeiro no qual nem sequer cita o nome do militar.
O ministro Alexandre de Moraes já negou, pelo menos, quatro pedidos de liberdade feitos pela defesa do coronel Naime.
De acordo com Ricardo Capelli - braço direito do ministro da Justiça, Flávio Dino, que foi nomeado interventor na Segurança Pública do Distrito Federal - o coronel Naime teria retardado propositalmente a linha de contenção da PM. Capelli disse ter visto com “os próprios olhos” os comandados do coronel avançando “lentamente” sobre os manifestantes.
Mesmo de férias no dia 8 de janeiro, Naime deixou sua residência para ajudar a conter os manifestantes. Durante a ação policial, o militar chegou a ser ferido com o disparo de um rojão. Em maio, a PGR enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer a favor da manutenção da prisão do militar.
O relatório final da CPI dos atos do 8 de Janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), divulgado no dia 29 de novembro de 2023, também isentou o coronel Naime de qualquer responsabilização pelos atos de vandalismo.
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