Sempre marcado pela presença de lideranças da esquerda, o evento em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, marcado para este sábado (1º), contará com a presença de diversos nomes da centro-direita neste ano. De olho nas eleições do ano que vem, essas lideranças articulam uma unificação do discurso contra o presidente Jair Bolsonaro.
Por conta da pandemia, o ato irá ocorrer de forma virtual e estpa sendo organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além do líder petista, o evento terá discursos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), do deputado e ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) entre outros nomes.
Essa aproximação de Lula e de outros nomes da esquerda com líderes da centro-direita chegou a incomodar algumas centrais sindicais. O ex-presidente tem sinalizado que uma moderação do discurso é o melhor caminho para avançar nas negociações para a disputa presidencial de 2022. Desde que recuperou os direitos políticos, Lula tem feito diversos acenos para nomes de outros campos políticos.
Por isso, todos os convidados deverão abordar em seus discursos a taxa de desemprego no Brasil, a taxa de inflação e a condução do presidente Jair Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus. “As atividades terão um caráter de denúncia sobre a tragédia vivida pela classe trabalhadora e toda a sociedade brasileira, vítimas da pandemia descontrolada, pela falta de comando do governo de Jair Bolsonaro”, diz o manifesto da CUT.
Segundo o presidente da CUT, Sergio Nobre, foi feita uma “engenharia” para fechar um consenso sobre a participação das lideranças de centro no ato. Para ele, a crítica a Bolsonaro foi o ponto de convergência.
“O exercício da unidade não é uma coisa tranquila. Ela descontenta alguns aqui e acolá. Mas o resultado final compensa. É muito importante que o movimento sindical brasileiro mostre para o Brasil e para o mundo que diante dessa pandemia nós superamos problemas, deixamos de lado as nossas diferenças, para defender a vida, o povo, empregos”, admitiu Nobre ao jornal Valor Econômico.
O ponto de maior divergência no evento foi a presença de João Doria, um dos maiores críticos do ex-presidente Lula. No entanto, a Força Sindical, ligada ao tucano, foi a principal incentivadora da participação, sob a alegação de que o governador paulista foi o principal antagonista de Jair Bolsonaro durante a condução da pandemia.
Apesar das resistências, Sergio Nobre reforçou que os governadores tiveram papel importante na condução da pandemia. No entanto, defendeu que outros grupos deveriam ter mais destaque no ato deste sábado. “Privilegiamos as instituições, os partidos políticos principais que estão na luta pela democracia, os ex-presidentes, os dirigentes das nove centrais sindicais, o movimento social, os artistas, intelectuais”, reforçou o presidente da CUT.
Por meio de vídeo gravado, Doria fará um discurso contundente contra Bolsonaro e usará como enfoque a aprovação e produção da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan ligado ao governo paulista. Na gravação, outros governadores e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), irão aparecer.
"Com diálogo, união e vacinas, faremos todos um Brasil mais justo, um Brasil melhor. Um Brasil mais inclusivo, um Brasil mais desenvolvido. Um Brasil com emprego, com saúde, e com trabalho. Viva o 1º de maio, viva os trabalhadores, viva o Brasil", diz Doria em um dos trechos da gravação que tem pouco mais de 1 minuto e que será usada na manifestação do Dia do Trabalho.
Unificação do evento do Dia do Trabalho foi promovida por Lula
Apesar das resistências das centrais sindicais, o principal articulador para que o evento contasse com lideranças de outros campos políticos além da esquerda foi o ex-presidente Lula. Representantes dos sindicatos admitem que o petista tem reforçado a importância de “aparar as arestas”, caso queiram uma candidatura forte para as eleições do ano que vem.
A articulação do líder petista parece ter surtido efeito neste primeiro momento. No ano passado, por exemplo, representantes da Frente Povo Sem Medo e Guilherme Boulos, do PSOL, se afastaram do ato por conta da participação de nomes como Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP), que naquela altura presidiam as duas Casas do Legislativo. Neste ano, Boulos irá discursar ao lado de Maia.
A movimentação para trazer Maia para o evento deste ano ocorreu há cerca de um mês depois de um telefonema do petista. O ex-presidente da Câmara tem sido um dos principais articuladores para que aja uma candidatura de centro para a disputa presidencial do ano que vem.
Apesar de admitirem que uma união entre PT com os demais partidos como DEM e PSDB seja inviável para a disputa presidencial, lideranças desses partidos admitem que essa aproximação isola o presidente Bolsonaro. Além de Maia, Lula se aproximou de nomes como do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, que comanda o Solidariedade.
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