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A prioridade dos Estados Unidos para as eleições de outubro no Brasil é "garantir que cada voto seja contado" e que "os brasileiros são os que determinam o resultado" das eleições, segundo Juan González, principal conselheiro do presidente Joe Biden para a América Latina.
Em entrevista à Agência Efe ao final da IX Cúpula das Américas em Los Angeles, González deu detalhes sobre o encontro realizado na última quinta-feira (9) entre Biden e o presidente Jair Bolsonaro, cujas críticas ao sistema eleitoral brasileiro levantaram temores de que ele possa não aceitar o resultado.
"O presidente (Biden) expressou confiança nas instituições democráticas brasileiras. Temos que garantir que são os brasileiros que determinam o resultado das eleições", destacou González sobre o encontro com Bolsonaro.
Durante a parte pública da reunião, Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a levantar dúvidas sobre a legitimidade das urnas eletrônicas, utilizadas no país desde 1996 e cuja confiabilidade tem sido testada por observadores internacionais.
De sua parte, Biden, que venceu as eleições de 2020 contra um ex-presidente, Donald Trump, que questionou o processo eleitoral dos EUA assim como Bolsonaro faz agora, declarou que o Brasil tem uma democracia "vibrante e inclusiva", com "instituições eleitorais fortes".
González lembrou à Efe que a integridade do processo eleitoral é uma questão "bastante séria" para o governo Biden, porque nos Estados Unidos "o Congresso está realizando audiências sobre os eventos de 6 de janeiro de 2021", quando uma multidão de partidários de Trump invadiu o Capitólio para contestar o resultado das eleições.
"Para nós (o importante) é garantir que cada voto seja contado. Mas questionar os resultados de uma eleição antes que ela aconteça é algo que não acatamos", disse sobre as eleições brasileiras.
Questionado sobre as dúvidas que Bolsonaro expressou recentemente em entrevista sobre a legitimidade da eleição de Biden, Juan González foi contundente: "O que importa para nós é o voto dos americanos, e não a opinião de outros líderes quanto ao nosso processo democrático".
A relação entre os EUA e o Brasil está estremecida desde que Trump deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021. O distanciamento entre Biden e Bolsonaro começou antes mesmo da posse do democrata.
Bolsonaro se declarou, em muitas ocasiões, "amigo" de Trump, a quem apoiou publicamente nas eleições de 2020 e chegou a defender a tese do ex-presidente americano de que houve fraude nas eleições vencidas por Biden.