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Convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e Livres, as manifestações deste domingo (12) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tiveram público abaixo das expectativas dos organizadores. Apesar da abertura para políticos do centro e da esquerda, partidos como PT e PSOL não participaram dos protestos.
“Não tinha tanta gente, mas teve qualidade de público. O pessoal que veio ficou o tempo todo”, disse Marina Vezoni, coordenadora do Vem Pra Rua, ao O Antagonista.
Pelas redes sociais, o movimento Livres defendeu a unificação do atos da oposição. "Precisamos avançar na luta em defesa da democracia, com maturidade para focar no que importa e unificar os atos de oposição". Já o MBL não se posicionou sobre os atos.
A ideia dos organizadores era de que os protestos deste domingo superassem em público os realizados pelos apoiadores do presidente Bolsonaro no 7 de Setembro. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo estimou cerca de 6 mil manifestantes na Avenida Paulista, contra os 125 mil do feriado da Independência.
Além de São Paulo, houve manifestações em Brasília, Rio de Janeiro e outras capitais do país. No entanto, nenhuma teve registro de público expressivo.
Estiveram na Avenida Paulista pré-candidatos à Presidência como Ciro Gomes (PDT), o governador João Doria (PSDB), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Outros políticos como os deputados estaduais Isa Penna (Psol) e Arthur do Val (Patriota) e os deputados federais Tabata Amaral (sem partido) e Joice Hasselmann (PSL) também marcaram presença.
Mudança de pauta não atraiu o PT
Inicialmente, as manifestações deste domingo teriam como mote "Nem Lula, nem Bolsonaro". No entanto, os organizadores recuaram nos últimos dias da ideia de protestar contra o ex-presidente petista, numa tentativa de atrair políticos da esquerda. Apesar disso, o PT afirmou em nota que já teria se posicionado nas ruas contra Jair Bolsonaro, durante as manifestações do Grito dos Excluídos, ocorridas no 7 de Setembro.
Alegando não ter sido convidado para os atos deste domingo, o PT disse ainda que simpatizava com todas as manifestações com a pauta "Fora Bolsonaro". Já o PSOL alegou que está em debate com os partidos de oposição para a construção de uma manifestação ampla pela saída de Bolsonaro nas próximas semanas.
Pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, pediu um "amadurecimento" do PT para construção de uma frente ampla contra Bolsonaro. "Para fazer o impeachment e proteger a democracia brasileira temos que juntar todo mundo. Ainda há tempo para o PT amadurecer. Quem for democrata tem que entender que o impeachment é a a única saída. Precisamos fazer um acordo com a direita e um centro democrático", disse.
O possível impeachment de Bolsonaro também foi o mote das declarações dadas pelo governador João Dória no evento. No entanto, ele comtemporizou. “Com impeachment ou sem impeachment, [temos que] caminhar pela democracia. Não precisamos, necessariamente, do impeachment. Temos eleições em 2022, eleições diretas, com a urna eletrônica. Se Bolsonaro não receber o impeachment, receberá o impedimento pelo voto, em outubro de 2022, quando será derrotado”, afirmou.
Presente no evento mesmo contra a orientação do seu partido, a deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) afirmou que era hora de "furar a bolha" em defesa do impeachment. Apesar do recuo dos organizadores em relação ao ex-presidente Lula, um "pixuleco" com Bolsonaro usando uma camisa de força ao lado de Lula vestido de presidiário foi inflado na Paulista.
Em seu discurso, a senadora Simone Tebet afirmou ter divergências com os organizadores do evento. Mas pregou a soma de forças “em torno do que nos une: a defesa intransigente da democracia”.
Em Porto Alegre, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), endossou o discurso pela união entre direita e esquerda. “Podemos ter visões diferentes de mundo, mais à esquerda, mais à direita, mas uma coisa que nos une é a certeza que a democracia é o caminho para o nosso país avançar”, disse.
O tucano irá disputar as prévias internas do PSDB para viabilizar sua candidatura à presidência em 2022. De acordo com ele, "se Bolsonaro não sair pelo impeachment, sairá pelas urnas".
“Não vamos deixar passar qualquer autoritarismo antidemocrático. Se não for para sair agora, sairá nas urnas pelo voto popular”, afirmou o governador gaúcho.
Outras manifestações
Mesmo com a resistência em aderirem aos atos deste domingo, PT e PSOL participam de conversas com outras siglas para convocação de novas manifestações contra Bolsonaro. Ao lado de siglas como PDT, PSB, PCdoB, PV, Solidariedade, Rede e Cidadania, a oposição pretende ir às ruas nos dias 2 de outubro e 15 de novembro.
"Enquanto construímos esta grande manifestação de unidade pela democracia, pelo Brasil e pelos direitos do povo, incentivamos todos os atos que forem realizados em defesa do impeachment”, afirmou a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (RS).