Antes defensores e aliados de Jair Bolsonaro, alguns parlamentares que se elegeram em 2018 na mesma onda que o presidente já começam a traçar estratégias para um novo cenário na disputa de 2022. Desde que romperam com Bolsonaro, ex-bolsonaristas como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO) buscam ganhar novos eleitores.
Eleita em 2018 com mais de 1 milhão de votos, Joice Hasselmann (PSL-SP) é hoje uma das ex-bolsonaristas mais críticas a Bolsonaro. Mas, desde que rompeu com o presidente, ela viu sua base de apoiadores nas redes diminuir consideravelmente. Antes, Joice acumulava mais de 5 milhões em seus perfis do Instagram, Facebook e Twitter e figurava entre as parlamentares mais influentes do Congresso nas redes. Alvo de uma campanha de “deslike” entre os bolsonaristas, chegou a perder mais de 2 milhões de seguidores.
A perda de popularidade nas redes sociais também se refletiu nas urnas. Na eleição municipal do ano passado, Joice Hasselmann disputou a prefeitura de São Paulo. Mas teve um desempenho muito inferior ao de 2018. A parlamentar recebeu menos de 100 mil votos e acabou amargando a sétima colocação na corrida.
Na Câmara, ela passou um tempo longe dos holofotes. Mas, mais recentemente, voltou a adotar um discurso contra o presidente Bolsonaro e contra o PT. Além disso, Hasselmann se aproximou da bancada feminina e, em entrevistas, chegou a dizer que foi alvo de ataques “machistas”.
Para 2022, a intenção de Joice Hasselmann é disputar as eleições. A pessoas próximas, a deputada afirma sonhar em disputar o governo paulista. Mas o mais certo é tentar renovar seu mandato na Câmara dos Deputados. Ela também diz que que a eleição nacional é diferente da municipal e que por isso a votação que recebeu na disputa pela prefeitura de São Paulo não deve ser considerada.
Frota criou novos perfis nas redes sociais para mudar de público
Eleito com o discurso da nova política e da renovação, Alexandre Frota (PSDB-SP) rompeu com o bolsonarismo ainda no primeiro ano de mandato. Após criticar a tentativa do presidente de nomear seu filho Eduardo Bolsonaro para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, Frota acabou sendo expulso do PSL.
Depois do episódio, Frota acabou se filiando ao PSDB a convite do governador de São Paulo, João Doria. Desde então, é um dos ex-bolsonaristas maiores críticos do governo Bolsonaro. Como estratégia para tentar renovar seu público, o parlamentar chegou a abandonar suas redes sociais e criou outros perfis para receber os novos seguidores.
Antes de romper com o presidente, Frota tinha mais de 170 mil seguidores no Twitter. Agora, em fevereiro de 2021, esse número está em cerca de 63 mil. Apesar disso, o deputado tucano já admite para pessoas próximas que conseguiu conquistar um novo público.
Frota pretende se reeleger. A pessoas próximas, ele tem sinalizado que em um partido com a estrutura do PSDB será possível conquistar votos suficientes. Além disso, acredita que com uma candidatura de Doria à Presidência, ele poderia se beneficiar, já que o atual governador de São Paulo é hoje um dos maiores antagonistas de Bolsonaro.
Delegado Waldir acredita que manteve capital político
Delegado Waldir (PSL-GO) foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2014 pelo PL; e conheceu Jair Bolsonaro nos corredores do Congresso Nacional quando o presidente ainda era parlamentar. Com pautas em comum, como na área a segurança pública, os dois se aproximaram. Em 2018, Delegado Waldir acabou indo para o PSL para apoiar a candidatura à Presidência de Bolsonaro.
Mas a boa relação dos tempos de Congresso com Bolsonaro ficou para trás. Ainda em 2019, Waldir, na época líder do PSL na Câmara, acabou rompendo com o presidente depois que o Palácio do Planalto articulou para que a liderança do partido fosse substituída. A ideia de Bolsonaro era trocar Waldir por Eduardo Bolsonaro. O episódio acabou gerando diversos atritos entre o deputado e a bancada mais fiel a Bolsonaro dentro do PSL.
Durante a crise, foi vazado um áudio em que Delegado Waldir chamava Bolsonaro de “vagabundo” e que ameaçava “implodir” o presidente. “Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu andei no sol em 245 cidades gritando o nome desse vagabundo”, dizia Waldir em um dos trechos. O vazamento da gravação foi atribuído a aliados do presidente.
Após o episódio, Waldir acabou adotando um tom mais moderado. Ele é um dos ex-bolsonaristas mais contidos; optou por não fazer mais críticas públicas a Bolsonaro.
Com apoio das forças de segurança de Goiás, Waldir já admitiu para aliados que seu rompimento com o bolsonarismo não lhe rendeu grandes perdas e seu capital político segue garantido. Para 2022 o parlamentar sinaliza que pretende seguir na Câmara dos Deputados. Mas não descartar concorrer ao Senado dependendo das alianças que conseguir construir.
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