Dois ex-funcionários do deputado federal André Janones (Avante-MG) acusam o parlamentar por assédio moral. Um deles já havia, anteriormente, acusado o deputado de rachadinha e racismo.
A denúncia de assédio foi revelada pelo jornal Diário do Poder nesta quinta-feira (19), após o jornal ter acesso a prints de conversas enviados pelos ex-assessores em que Janones profere insultos e humilha os funcionários.
Os denunciantes são os ex-assessores Fabrício Ferreira, que trabalhou com Janones até novembro de 2021, e Cefas Luiz Paulino, que ficou lotado no gabinete do parlamentar até setembro de 2022.
Nos prints de mensagens de um grupo atribuído à equipe do gabinete, o deputado lulista xinga os funcionários de “burros”, "incompetentes”, “lixos humanos”, “vermes” e outros insultos.
Nas mensagens, o deputado se queixa de não ter sido consolado pelos funcionários enquanto acompanhava seu pai, que estava entubado em uma UTI, em Brasília.
“Eu sinto nojo de um dia ter escolhido pessoas como vocês para estarem ao meu lado nesse mandato. Ontem, fiquei das três horas da tarde até meia noite chorando dentro de uma sala sozinho, sem ninguém nem querer saber como eu estou. Vocês têm pais. Eles vão morrer um dia e as pessoas ao redor de vocês vão dar a vocês o mesmo consolo que vocês dedicaram a mim”, diz uma mensagem atribuída do parlamentar.
“Fala alguma coisa bando de desgraçados”, diz outra mensagem.
Um integrante do grupo diz que a equipe foi orientada a não falar com o parlamentar por mensagem. “O que nos foi passado… Não era para te chamar inbox”, afirma. Em resposta, Janones teria dito para o assessor enfiar a orientação “no meio do c*”.
Ao Diário do Poder, os ex-funcionários disseram que não denunciaram o parlamentar antes por medo. Esta não é a primeira vez que Fabrício Ferreira procura a imprensa para denunciar a conduta de Janones. No ano passado, o ex-funcionário acusou o deputado de assédio moral, racismo e rachadinha.
De acordo com Ferreira, sua aproximação com Janones começou em 2017, antes da eleição para deputado federal. Na época, Ferreira foi voluntário de Janones durante as manifestações em defesa dos caminhoneiros.
Áudios vazados
Nesta quinta-feira (19), o jornal Metrópoles divulgou áudios atribuídos a Janones em que o deputado grita descontroladamente e diz que seu primo e aliado político “quer roubar milhões”.
O primo de Janones foi candidato a vereador na cidade de Ituiutaba (MG), em 2020, mas não foi eleito. Segundo Janones, ele quer ser prefeito da cidade.
“Eu não tô dando conta. Só tem débil mental do meu lado. Eles não sabem fazer nada. Esse povo vai me matar. Chamo (o primo) lá fora. ‘Cadê a chave do estúdio?’ Era para ele falar: ‘Não sei, não. Vou atrás.’ E ele vira e vai para trás. Que merda que é essa? Como um inferno desse quer ser prefeito de Ituiutaba daqui a dois anos? Só fala em roubar. Em fechar a zona (para comemorar) na hora que ganhar”, diz a gravação atribuída ao deputado.
“Quer roubar, quer ganhar 30 mil por mês, quer roubar milhões em propina. Eu andei falando de Deus dentro do carro (e ele disse): ‘Eu quero é arrumar prostituta para pagar b0que#& em nós na hora que ganhar’. Parece que quer provocar. Para te tirar do sério”, diz outro áudio.
Em outro áudio atribuído a Janones, o deputado grita com toda a equipe de campanha por suposta ineficiência dos assessores e diz que “vai sozinho”. Em outra parte, Janones teria ameaçado entrar com o carro no “estúdio”.
“Você pode chamar a polícia, falar com a dona da casa, (fazer) o que quiser. Eu tô indo nesse minuto quebrar o estúdio. Vou entrar com o carro e derrubar o portão. Eu não vou assistir ao que estão fazendo com a minha campanha. Eu não vou. Gente incompetente e burra não tem a chave do estúdio. Falou que tá com você. Eu tô indo lá quebrar o estúdio”, diz o áudio.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o gabinete do deputado, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O jornal permanece aberto para quaisquer manifestações do parlamentar sobre os casos.
O deputado
Em 2022, André Janones abriu mão da pré-candidatura à Presidência para tornar-se o principal cabo eleitoral do então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Janones assumiu parte da comunicação da campanha e foi o responsável pelo tom agressivo adotado pelos petistas nas redes sociais.
A estratégia consistiu no uso de fake news e ataques contra o candidato e então presidente, Jair Bolsonaro (PL). Segundo Janones, sua “tática de guerra” era necessária para “salvar a democracia”.
O parlamentar chegou a defender abertamente a disseminação de notícias falsas para prejudicar o oponente. A estratégia incomodou até aliados.
Apesar do empenho na campanha e da expectativa de que Janones assumisse a Comunicação do governo após a eleição, o deputado foi preterido pelo presidente.
Antes de virar aliado de Lula, Janones era um crítico ferrenho da corrupção do PT.
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