Dois dos principais nomes mencionados por ex-integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como os possíveis líderes em invasões de propriedades no sul da Bahia são funcionários do deputado Valmir Assunção (PT-BA). A denúncia foi feita durante a reunião da CPI do MST, nesta terça-feira (8), que ouviu o depoimento de três pessoas que relataram ameaças, agressões e expuseram o funcionamento de acampamentos do MST.
Os dois citados - Lucineia Durães do Rosario e Oronildo Loures Costa - constam na lista de pessoal de gabinete do deputado Valmir Assunção. De acordo com os registros mantidos pela Câmara dos Deputados, Lucineia está lotada no gabinete desde novembro de 2016, enquanto que Loures integra a equipe desde abril do mesmo ano. O deputado Valmir Assunção confirmou que os dois são funcionários do seu gabinete, mas não comentou as acusações feitas durante a CPI do MST.
De acordo com os ex-integrantes do MST, ouvidos pela CPI nesta terça, eles estariam envolvidos nas manifestações e seriam os responsáveis por ações violentas contra integrantes do movimento. “São dirigentes nacionais do MST no estado da Bahia. Tudo sai com o comando deles e da direção política”, afirmou Elivaldo Costa, presidente do Projeto de Assentamento Rosa do Prado, que também foi integrante do MST durante cerca de 9 anos.
Em depoimento à CPI, Vanuza Santos de Souza, outra ex-integrante do MST, relatou inúmeras ameaças e uma agressão que sofreu em abril de 2021, junto dos filhos de 8 e 18 anos, quando foi expulsa de sua casa que foi vandalizada e parcialmente destruída.
Vanuza disse ainda que o deputado Valmir Assunção era visto com frequência no acampamento do qual ela fez parte, o Acampamento Fábio Henrique (chamado também de “São João”), localizado no município de Prado, na Bahia. Segundo ela, o parlamentar teria "entregue" a ela um lote em 2016. "Ali construí minha casa e depois fui expulsa por discordar de algumas ações do movimento ao qual servi por quase 12 anos", disse Vanuza em depoimento à CPI do MST.
Em nota publicada em seu oficial, o MST classificou os depoimentos à CPI como “uma série de acusações infundadas”. "O MST lamenta o baixo nível e a falta de legitimidade desta CPI, que é usada por setores do agronegócio e da extrema direita para atacar a legitimidade da luta pela terra e a moral das famílias Sem Terra. Usar a Comissão como palco para agitar sua base social e deslegitimar a luta pela terra, na tentativa de encontrar um caminho para a criminalização da Reforma Agrária é um desserviço à sociedade brasileira", diz um trecho do posicionamento do movimento. A nota na íntegra pode ser conferida no site oficial do MST.
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