ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo na gestão Bolsonaro, Carlos Alberto dos Santos Cruz.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), compareceu à Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta quarta-feira (2) para prestar depoimento no âmbito da investigação sobre a existência de uma suposta "Abin Paralela". A apuração busca esclarecer se o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) estaria envolvido no comando de uma estrutura de inteligência paralela durante o governo de seu pai. Carlos Bolsonaro, contudo, nega qualquer envolvimento.

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Santos Cruz, que foi chefe da Secretaria de Governo durante a gestão Bolsonaro, foi convocado como testemunha e respondeu a todas as perguntas feitas pela PF. O depoimento começou pontualmente às 14h30 e foi concluído em menos de uma hora, às 15h15. Entretanto, o conteúdo específico do interrogatório permanece sob sigilo.

Fontes próximas ao caso, ouvidas pelas CNN Brasil, indicam que a PF espera, com este e outros depoimentos agendados para as próximas semanas, reunir as informações necessárias para encerrar a investigação.

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A investigação se intensificou após a Operação "Última Milha", realizada em outubro do ano passado, que visava desmantelar um suposto esquema de monitoramento ilegal realizado por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Um dos alvos da operação foi Caio Cesar dos Santos Cruz, filho do general Santos Cruz, que seria representante da empresa israelense Cognyte, responsável por fornecer o sistema FirstMile ao governo brasileiro no final do mandato de Michel Temer. Caio Cesar, assim como seu pai, prestou depoimento e negou qualquer irregularidade.

Relembre as investigações sobre a Abin Paralela

No dia 11 de julho deste ano, a Polícia Federal realizou a quarta fase da Operação Última Milha contra um suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades públicas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que apontou que a “estrutura paralela” foi usada para proteger os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o inquérito tornado público, o então diretor-geral da agência, o atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), determinou que servidores cedidos ao órgão trabalhassem para apurar e criar contrainteligência e desinformação sobre alvos específicos – aqueles que poderiam atingir diretamente os filhos de Bolsonaro.

Segundo a petição, o esquema de espionagem que ficou conhecido como “Abin paralela” monitorou:

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  • Judiciário: ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
  • Legislativo: deputados Arthur Lira (PP-AL, presidente da Câmara), Rodrigo Maia (PSDB-RJ), Kim Kataguiri (União-SP) e Joice Hasselmann (PSDB-SP), e os senadores Alessandro Vieira (MDB-RS), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
  • Executivo: ex-governador de São Paulo, João Doria; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Neto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homem da Silva e José Pereira de Barros Neto.
  • Jornalistas: Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

As investigações começaram em outubro do ano passado. Após a tomada de depoimentos, a PF espera ter mais clareza sobre as supostas atividades de vigilância realizadas durante o governo Bolsonaro e o papel dos envolvidos no caso da "Abin Paralela".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]