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O ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, o delegado Fernando de Sousa Oliveira, apontou que a Polícia Militar do DF "errou" na execução do plano operacional para conter os atos de vandalismo no último dia 8. Ele estava no comando da pasta durante a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, porque Anderson Torres, então titular da secretaria, havia viajado para os Estados Unidos. Oliveira prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (18).
O ex-secretário-executivo foi quem enviou o áudio ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), horas antes dos protestos violentos, dizendo que a situação estava "tranquila". Após os atos, Ibaneis foi afastado do cargo e, ao prestar depoimento, afirmou que se sentiu sabotado e perdeu a confiança em Torres, que foi exonerado do cargo ainda na tarde de domingo (8).
Questionado sobre a afirmação do governador afastado, Oliveira disse considerar que a PM do DF errou na execução do plano operacional. "QUE no tocante a afirmação de sabotagem realizada pelo Governador IBANEIS, este declarante acredita em erro na execução do plano operacional pela Polícia Militar do DF", disse.
Na oitiva, ele afirmou ainda que Torres só sairia de férias no dia seguinte aos atos de vandalismo e teria aprovado o esquema de segurança definido para garantir a segurança da Esplanada dos Ministérios. Oliveira disse que o ex-titular da pasta não o apresentou aos comandantes das forças policiais do DF antes de viajar aos EUA.
O então braço-direito de Torres ressaltou que "não foi deixada nenhuma diretriz específica" sobre os atos de vandalismo. Segundo Oliveira, "ficou combinado que ele seria acionado em caso de necessidade". O ex-secretário-executivo afirmou que recebia a maior parte das informações de inteligência por meio dos grupos no Whatsapp, chamados "DIFUSÃO" e "PERÍMETRO", que contavam com a participação de Torres e do ex-comandante da PM-DF Fabio Augusto Vieira.
Ele relatou em depoimento que "as informações de inteligência apontavam que o ambiente estava controlado e tranquilo, nos seguintes termos, conforme constam dos grupos, "ANIMOS PACÍFICOS", "SITUAÇÃO TRANQUILA E SEM ALTERAÇÃO", "NORMALIDADE", "TUDO NORMAL", "POLICIAMENTO REFORÇADO".
Oliveira disse também que o "relatório de inteligência da SSP/DF informava sobre possível manifestação com ânimos exaltados, mas que não havia confirmação concreta por parte da inteligência sobre o tamanho e se a manifestação ocorreria e em quais proporções". Ele apontou que este informe foi apresentado a Anderson Torres, que "determinou a continuidade do monitoramento dos atos".
Fernando Oliveira colocou o celular à disposição da PF para a investigação. Torres está preso desde sábado (14), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no 4ª Batalhão da Polícia Militar no DF. O ex-ministro da Justiça optou por não responder às perguntas feitas durante seu interrogatório. A expectativa é de que ele preste um novo depoimento na próxima semana.