Prédios das sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidos e depredados no dia 8 de janeiro.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, o delegado Fernando de Sousa Oliveira, apontou que a Polícia Militar do DF "errou" na execução do plano operacional para conter os atos de vandalismo no último dia 8. Ele estava no comando da pasta durante a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, porque Anderson Torres, então titular da secretaria, havia viajado para os Estados Unidos. Oliveira prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (18).

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O ex-secretário-executivo foi quem enviou o áudio ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), horas antes dos protestos violentos, dizendo que a situação estava "tranquila". Após os atos, Ibaneis foi afastado do cargo e, ao prestar depoimento, afirmou que se sentiu sabotado e perdeu a confiança em Torres, que foi exonerado do cargo ainda na tarde de domingo (8).

Questionado sobre a afirmação do governador afastado, Oliveira disse considerar que a PM do DF errou na execução do plano operacional. "QUE no tocante a afirmação de sabotagem realizada pelo Governador IBANEIS, este declarante acredita em erro na execução do plano operacional pela Polícia Militar do DF", disse.

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Na oitiva, ele afirmou ainda que Torres só sairia de férias no dia seguinte aos atos de vandalismo e teria aprovado o esquema de segurança definido para garantir a segurança da Esplanada dos Ministérios. Oliveira disse que o ex-titular da pasta não o apresentou aos comandantes das forças policiais do DF antes de viajar aos EUA.

O então braço-direito de Torres ressaltou que "não foi deixada nenhuma diretriz específica" sobre os atos de vandalismo. Segundo Oliveira, "ficou combinado que ele seria acionado em caso de necessidade". O ex-secretário-executivo afirmou que recebia a maior parte das informações de inteligência por meio dos grupos no Whatsapp, chamados "DIFUSÃO" e "PERÍMETRO", que contavam com a participação de Torres e do ex-comandante da PM-DF Fabio Augusto Vieira.

Ele relatou em depoimento que "as informações de inteligência apontavam que o ambiente estava controlado e tranquilo, nos seguintes termos, conforme constam dos grupos, "ANIMOS PACÍFICOS", "SITUAÇÃO TRANQUILA E SEM ALTERAÇÃO", "NORMALIDADE", "TUDO NORMAL", "POLICIAMENTO REFORÇADO".

Oliveira disse também que o "relatório de inteligência da SSP/DF informava sobre possível manifestação com ânimos exaltados, mas que não havia confirmação concreta por parte da inteligência sobre o tamanho e se a manifestação ocorreria e em quais proporções". Ele apontou que este informe foi apresentado a Anderson Torres, que "determinou a continuidade do monitoramento dos atos".

Fernando Oliveira colocou o celular à disposição da PF para a investigação. Torres está preso desde sábado (14), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no 4ª Batalhão da Polícia Militar no DF. O ex-ministro da Justiça optou por não responder às perguntas feitas durante seu interrogatório. A expectativa é de que ele preste um novo depoimento na próxima semana.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]