A ex-presidente do Instituto Brasileiros do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Suely Carvalho, criticou a postura ambígua que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem adotado em relação a pautas ambientais. "Não dá para ser um líder climático e um mega petro-Estado ao mesmo tempo", disse Carvalho em entrevista ao portal Metrópoles.
A declaração da então coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima é referente aos discursos antagônicos que Lula tem adotado nos últimos meses. Desde que retornou ao Palácio do Planalto, o mandatário tem ecoado narrativas em prol da preservação ambiental com a intenção de impulsionar sua imagem como um líder mundial sobre o tema.
Por outro lado, Lula saiu em defesa da exploração de petróleo na foz do Rio Amazônia. "O presidente Lula tem uma narrativa bem construída, com articulação com a ministra Marina (Meio Ambiente), sobre a política ambiental, mas ao mesmo tempo defende a expansão da produção de petróleo em plena crise climática", disse Carvalho.
O mandatário já saiu em defesa da exploração em diversas oportunidades e anunciou sua intenção em ingressar o Brasil na Opep+. Mas o tema é visto como um impasse na gestão petista. A ministra do Meio Ambiente já deu declarações no sentido oposto e já fez críticas à exploração de petróleo na região.
Ambientalistas também criticam a postura de Lula em relação à exploração de petróleo. "Não existe petróleo sustentável, ponto. São contradições nos próprios temos", afirmou a ex-presidente do Ibama.
Lula chega na ONU com discurso ambiental enquanto queimadas assolam Brasil
Neste semana, Lula enfrenta um novo dilema na sua agenda internacional. O petista embarca neste sábado (21) para Nova York, onde participa da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como tradição, o Brasil abre os discursos no evento e Lula deve aproveitar a oportunidade para voltar a cobrar os países desenvolvidos por mais investimentos na preservação ambiental e no combate à mudança climática.
A possível postura do chefe do Executivo no evento foi antecipada nesta semana pelo Palácio Itamaraty, que afirmou que o Brasil deve utilizar os últimos acontecimentos internos para se posicionar como um exemplo de como é preciso investir em mudanças rapidamente. Para especialistas, contudo, Lula deve ser pressionado e cobrado por respostas sobre as queimadas que assolam o país.
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