Ariel de Castro foi exonerado do cargo com menos de cinco meses de trabalho após reunião com Janja sem o ministro.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O advogado Ariel de Castro, que ocupou por cinco meses a chefia da Secretaria de Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério dos Direitos Humanos, afirmou que a “verdade apareceu” com as denúncias de suposto assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida.

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Castro foi demitido no primeiro semestre do ano passado por, diz, ter participado de uma reunião com a primeira-dama Janja da Silva sem a presença do ministro. Na época, ele disse que Almeida ficou “melindrado” e que assessores teriam sinalizado que a demissão ocorreu por racismo.

“Quando saí, em maio de 2023, fiquei sabendo que ele e alguns dos assessores dele, a mando dele, justificaram que eu não teria competência e que era insubordinado, porque não aceitava ordens de um ministro negro, dando a entender que eu seria racista. Sofri muito com isso. Mas agora a verdade apareceu, e o país todo sabe quem ele é”, disse em entrevista ao Metrópoles publicada nesta sexta (6).

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Ariel Castro diz que está “aliviado” com a revelação dos supostos casos de assédio que teriam sido cometidos pelo ministro, e que ocorreram também episódios de abuso moral por parte dele.

“Eu soube que muitos colegas que iniciaram comigo deixaram o ministério por desrespeitos do ministro”, pontuou emendando que “se ele errou, que responda” sobre a possibilidade de demissão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir à tarde com Almeida e a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, que também teria sido vítima de assédio por parte do ministro, segundo revelou o site. Ela não se pronunciou sobre a apuração.

“Acho que ficou difícil ele se manter na função. Gerou um descrédito na luta pelos direitos humanos no Brasil. A imagem dessa luta histórica e fundamental saiu bastante abalada. Momento triste pra todos nós que militamos nessa área”, disse.

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Silvio Almeida se defendeu e afirmou que as denúncias são “mentiras” e “ilações absurdas” que buscam prejudicá-lo no trabalho do ministério. Ele disse, ainda, que encaminharia um ofício à Controladoria-Geral da União (CGU), ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República (PGR) para investigarem o caso.

Além de Almeida, o próprio Ministério dos Direitos Humanos respondeu às denúncias, afirmando que são uma tentativa da ong Me Too Brasil, que revelou os casos, de interferir no processo de licitação da nova gestão do Disque 100, serviço voltado ao atendimento de violações dos direitos humanos.

O ministério afirmou que, diante da identificação de um possível superfaturamento no processo de licitação, a Assessoria Especial de Controle Interno revisou o contrato, reduzindo o valor anual de R$ 80 milhões para R$ 56 milhões. Após essa alteração, a Me Too teria tentado novamente influenciar o processo, mas sem sucesso.

“Cerca de um mês depois, a organização Me Too retomou a tentativa indevida de interferência no desenho da licitação em agenda com a Ouvidora Nacional dos Direitos Humanos, Luzia Cantal, ocorrida em 23 de fevereiro de 2024, sem sucesso”, diz a nota do MDH.

A pasta destacou, ainda, que os acontecimentos indicam a existência de um “modus operandi” de denúncias anônimas e infundadas, voltadas para a manipulação de processos e interesses internos.

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