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Míssil - Mísseis - Venezuela - Roraima - Maduro
Míssil – Mísseis – Venezuela – Roraima – Maduro| Foto: Divulgação/CAEx

Após as tensões militares entre Guiana e Venezuela na fronteira com o Brasil, o Exército tem trabalhado para aumentar seu arsenal do míssil Superfície-Superfície 1.2 Anticarro (MSS 1.2 AC). Conforme apurou a Gazeta do Povo, a depender dos termos e valores negociados com a empresa fornecedora, a força pretende adquirir cerca de 200 mísseis desse tipo para serem usados no país inteiro. Atualmente, o Exército conta com cerca de 50 a 60 desse armamento em seu arsenal e a metade está sendo enviada para Roraima.

O armamento é guiado a laser e pode perfurar blindagens de até 530 mm, além de ter um alcance de até três mil metros. Ela é considerada uma arma antitanque e pode ajudar a aumentar o poder de dissuasão das tropas na região. Uma das hipóteses que foi cogitada é que o exército venezuelano passasse com blindados pelo território brasileiro para invadir a Guiana.

Armas antitanque portáteis, que podem ser disparadas por soldados em emboscadas contra tanques e blindados, mostraram ter importância extrema em conflitos modernos quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Combatentes ucranianos armados com mísseis americanos Javelin e lançadores portáteis de foguetes impediram que colunas de blindados russas invadissem a capital Kyiv. Associados a outros fatores, eles mudaram o rumo da guerra, impedindo a derrubada do governo e obrigando Moscou a mudar de estratégia.

O míssil MSS 1.2 AC é fabricado pela SIATT, empresa especializada na produção de defesa aeroespacial que compõe a Base Industrial de Defesa (BID) do Brasil, em parceria com o Exército.

O novo reforço enviado a Roraima pode ser compreendido como uma resposta do Brasil às ameaças de conflito na região fronteiriça no Norte do país. Maduro tem ameaçado invadir a Guiana com a intenção de anexar 70% de sua área ao território venezuelano. Os dois países disputam a região de Essequibo há centenas de anos. O interesse do autocrata, contudo, ganhou força recentemente após o crescimento econômico da Guiana por meio da exploração das reservas de petróleo em Essequibo. Mas a possibilidade de ação militar foi praticamente descartada após Venezuela e Guiana participarem de negociações neste mês.

Desde o aumento das tensões entre os vizinhos sul-americanos, as Forças Armadas brasileiras passaram a se movimentar para proteger as fronteiras com os dois países. Mas nenhuma reação brasileira até o momento representava uma "resposta dura" sobre os riscos de violação dos limites nacionais. O envio de mísseis para a região, por outro lado, melhora o posicionamento do Brasil sobre a tensão entre Guiana e Venezuela, pois é um recado de que o território nacional não pode ser violado.

A aquisição desse tipo de armamento já estava prevista para acontecer ao longo de 2024, conforme previa o Planejamento Estratégico do Exército, mas foi adiantada "em função da conjuntura de tensão entre os países vizinhos", como informou o Exército à Gazeta do Povo.

Os MSS 1.2 AC podem atacar carros de combate, casamatas e até helicópteros. O armamento também pode ser usado pela infantaria ou em viaturas blindadas leves — como as que já estão à disposição do regimento de Boa Vista (RR).

Além da aquisição dos mísseis, as Forças Armadas também adiantaram o envio de reforço para Roraima, o que estava previsto para acontecer em dois anos. O Exército está reforçando a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, uma unidade que tem 2 mil combatentes baseados em Boa Vista (RR) e Manaus (AM) e é responsável por defender a fronteira de Roraima. A cidade faz divisa com a Venezuela e com a Guiana.

Os recentes reforços fazem parte da estratégia de transformar o Esquadrão de Cavalaria (unidade de carros de combate) da Brigada em um Regimento. Isso aumentará em três vezes o seu efetivo, para cerca de 450 combatentes. Blindados de reconhecimento Cascavel modernizados e armados com canhões de 90 mm também estão sendo enviados para integrar a unidade militar. O Exército também enviou 16 carros 4x4 blindados (modelo Guaicuru) para as cidades da fronteira do Brasil com Guiana e Venezuela.

Os carros à disposição da 1ª Brigada, contudo, não são tanques de guerra e não têm capacidade de fazer frente a um ataque venezuelano. O míssil, embora esteja disponível em pequena quantidade, é uma opção viável para ser usada por tropas de infantaria contra carros de combate do regime de Maduro, como os soviéticos T-72, da década de 1970, e os franceses AMX-30, da década de 1990.

Defesa e Exército queriam evitar que Venezuela usasse Brasil para invadir a Guiana

As ações do Exército em conjunto com o Ministério da Defesa foram uma resposta ao temor de que a Venezuela pudesse usar o território brasileiro para invadir a Guiana. Por via terrestre, o terreno da fronteira entre os dois países vizinhos não permite a passagem de tanques, blindados ou de tropas, devido às características de selva amazônica e do solo. Entre as alternativas, a de usar o território brasileiro — que possui rodovias que ligam o país à Guiana —, seria a mais viável.

Os ânimos nos últimos dias entre os dois países, no entanto, têm se acalmado. Após reunião de Maduro com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, os dois líderes concordaram em resolver o "impasse territorial" de forma pacífica e sem guerra. Apesar disso, o Brasil tem se preparado para não permitir a violação do seu território.

Antes mesmo das recentes ameaças venezuelanas, a Gazeta do Povo apurou que o Exército já vinha monitorando a possibilidade de conflito entre os dois países e por isso já estava adiantado o reforço de tropas na região.

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