Mesmo sem o apoio formal de seu partido e de nenhuma outra bancada até o momento, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG) lançou sua candidatura à presidência da Câmara e avalia que estará no segundo turno da eleição, agendada para 1.º de fevereiro. Hoje, a disputa tem como favoritos os deputados Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP).
À Gazeta do Povo, Ramalho conta que a sua principal estratégia de campanha é conversar por telefone com todos os deputados. "Já falei com mais de 430 parlamentares, e espero que nesta semana eu finalize os 513. E vou retornar as ligações para todos de novo", diz. O estilo de Ramalho é diferente do de Baleia e Lira, que vão viajar pelo Brasil em busca de votos.
"Estou colocando meu nome à disposição do parlamento, para que o parlamento tenha um candidato que vai realmente cuidar do parlamento e que vai dar ao parlamento a independência de que ele precisa", afirma Ramalho. Segundo ele, hoje a Câmara é comandada por um "grupo de 20 deputados", em um sistema que desvaloriza os demais.
Fábio Ramalho é conhecido como "deputado dos jantares"
Ramalho está em seu quarto mandato como deputado federal. Teve como principal destaque no Legislativo o período em que foi vice-presidente da Câmara, entre 2017 e 2019, durante o segundo mandato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Casa.
Na ocasião, ganhou apoio dos deputados quando, em fevereiro de 2018, contestou fala do procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, que pedia operações de busca e apreensão no Congresso Nacional. “Nós fomos eleitos. Respeite esta Casa. Se quiser falar alguma coisa, que vá para as ruas, se eleja, e venha aqui fazer as mudanças. É aqui nesta Casa que se faz mudanças. Todas as coisas que estão aí hoje, todas as delações, só existem porque nós votamos. Foi esse Congresso aqui que votou”, disse Fábio Ramalho, na ocasião.
O deputado é também célebre por oferecer jantares regados a comida mineira aos integrantes do Congresso. Seu gabinete é constantemente abastecido por iguarias como doces, leitão e torresmo.
O rótulo de "deputado dos jantares" não incomoda Fábio Ramalho. Pelo contrário. Ele diz que, se eleito presidente da Câmara, vai reforçar a iniciativa de promover jantares com os colegas. "Desde a Roma Antiga, era nos jantares que você resolvia as grandes questões. É onde você tem uma convivência maior, é onde você enxerga melhor um ao outro. Você trata o outro com mais humanidade, você trata as pessoas de igual para igual. Então, quando você faz um jantar, você demonstra que todo mundo é igual na mesa", afirmou. Segundo ele, hoje há na Câmara jantares "só para milionários, para 20 pessoas". Ele diz que promoverá encontros para os 513 deputados.
Deputado descarta impeachment de Bolsonaro
Além de "democratizar" os jantares, Ramalho também se compromete a promessa de distribuir de forma mais igual as presidências de comissões e relatorias dos projetos importantes na Câmara. A obtenção dos postos de comando é crítica constante de parlamentares de diferentes partidos, que veem privilégio na concessão das vagas.
"A questão principal é que hoje a maioria das comissões e das relatorias é entregue às mesmas pessoas. Você tem que fazer essa distribuição melhor na bancada feminina, em todas as bancadas, para que você coloque mais pessoas para participar e ser protagonista do mandato. É isso que é uma democracia, que é você fazer uma participação", diz Fábio Ramalho.
A defesa da proporcionalidade na indicação de relatorias é um dos pontos que as siglas de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) enunciaram entre as pautas que justificam seu apoio à candidatura de Baleia Rossi, em nota divulgada nesta segunda-feira (4).
Embora haja identidade entre a demanda dos oposicionistas e a plataforma de Ramalho neste aspecto, em outro eles estão em lados opostos. Os adversários de Bolsonaro pedem que o futuro presidente da Câmara avalie eventuais crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República, em um processo que pode culminar no impeachment do chefe do Executivo. Para Fabio Ramalho, "o momento não é para você falar em impeachment".
"Só se for uma coisa bravíssima. Isso aí não cabe a mim falar agora. Eu acho que o momento não é para você falar em impeachment. O momento é para pensar numa pauta positiva para o Brasil", diz Fábio Ramalho.
O deputado votou a favor do afastamento de Dilma Rousseff em 2016, mas disse que hoje teria postura contrária.
Ramalho também diz que planeja apresentar ao presidente Bolsonaro uma "pauta da Câmara" para promover a recuperação econômica do país. "No sentido não de dependência, mas de independência e a gente mostrar pra eles o caminho que o Brasil precisa para crescer e, sobretudo, para dar saúde às pessoas e fazer com que… senão, o que vai acontecer? As pessoas hoje estão morrendo de saúde; depois, elas vão morrer de fome", diz Fábio Ramalho.
Fábio Ramalho vai para sua 3.ª candidatura
Se mantiver a candidatura até o dia da eleição, em fevereiro, Ramalho concorrerá pela terceira vez ao comando da Câmara. Nas duas anteriores, em 2016 e 2019, não obteve sucesso.
Em 2016, Ramalho foi um dos 13 deputados que lançou candidatura na eleição convocada às pressas para que a Câmara escolhesse um novo presidente para ocupar a vaga de Eduardo Cunha (MDB-RJ), afastado poucos dias antes. Ramalho recebeu 16 votos e ficou em sétimo lugar. O vencedor foi Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Maia voltou a triunfar na disputa de 2019. Na ocasião, Fábio Ramalho obteve 66 votos, e sua candidatura não contou com o apoio formal de sua legenda, que estava ao lado do atual presidente da Câmara.
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