Ouça este conteúdo
Um estudo da Confederação Nacional dos Municípios, obtido com antecipação pelo jornal O Estado de S.Paulo, afirma que a demanda para obter o Auxílio Brasil, o programa social instituído pelo governo Jair Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família, mais que dobrou entre março e abril, quando a fila passou de 1,3 milhão para 2,78 milhões de famílias, ou 5,3 milhões de pessoas que cumprem os requisitos para receber os R$ 400 mensais.
De acordo com a reportagem do jornal paulista, o Ministério da Cidadania, responsável por gerenciar os dados do programa, não tem divulgado dados oficiais, levando a CNM a fazer levantamento próprio com a ajuda dos municípios, responsáveis pelo cadastramento das famílias interessadas nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras). Os números mostram uma elevação constante e acentuada da demanda: em janeiro a fila tinha 434 mil famílias, subindo para 1,05 milhão em fevereiro, 1,3 milhão em março e 2,78 milhões em abril. Já o número de famílias beneficiadas, que ficou estável em 18 milhões nos meses de fevereiro e março, caiu para 17,7 milhões em abril.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirma que o governo vem relutando em divulgar os dados por questões eleitorais; segundo o Estadão, o orçamento do Auxílio Brasil para este ano, R$ 89 bilhões, seria insuficiente para zerar a fila. Além disso, municípios criticam detalhes do desenho do programa, como o incentivo para que pessoas que vivem juntas peçam o benefício separadamente para aumentar o valor recebido por família. De acordo com prefeitos, isso cria uma disparidade entre estatística e realidade que atrapalha o acompanhamento das famílias mais vulneráveis; especialistas ainda afirmam que a estratégia de “dobrar” o benefício familiar com os cadastros separados pode deixar outras famílias sem dinheiro, em um cenário no qual o programa não seja capaz de contemplar todos os pedidos.