Ouça este conteúdo
Cinco batalhões da Força Nacional de Segurança fizeram a proteção do prédio do Ministério da Justiça no dia 8 de janeiro diferentemente das sedes dos Três Poderes, em que manifestantes invadiram e vandalizaram sem serem contidos. A constatação está em um relatório obtido pela CPMI do Congresso que investiga os atos de 8/1, e reforça que as sedes da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) estavam desguarnecidas.
Segundo o documento, a que a CNN Brasil teve acesso e divulgou na segunda (28), o ministério destacou, para aquele dia, um pelotão da Força Nacional para ficar de prontidão dentro do Palácio da Justiça e outros quatro do lado de fora para impedir o acesso de pessoas não autorizadas.
Em um primeiro momento, dois pelotões foram autorizados ainda no dia 7, no sábado, para realizar a contenção a eventuais tumultos no dia 8. Já na manhã de domingo, alertas informais via aplicativos de mensagens levaram o ministério a acionar um reforço de 214 homens e 24 viaturas.
Com o avançar das manifestações e já com as sedes dos Três Poderes tomadas por invasores, dois pelotões que estavam no estacionamento do Ministério da Justiça foram encaminhados à Praça dos Três Poderes, sendo que os outros três continuaram no Palácio da Justiça.
O relatório, no entanto, não menciona os horários em que os efetivos foram movimentados. A apuração da CNN Brasil aponta que a Força Nacional só foi efetivamente autorizada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, às 17h29, quando foi decretada a intervenção.
“Por que a tropa não foi utilizada na Praça dos Três Poderes para impedir desde o início as invasões”, questionou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) na manhã desta terça (29).
Moro reproduziu parte do relatório que a CPMI teve acesso, reafirmando que um pelotão de choque “ficou parado dentro do MJSP” e quatro pelotões de choque “permaneceram todo o tempo no estacionamento ao lado”. “Somente dois pelotões, e apenas após as invasões, foram ajudar na retirada dos invasores”, completou.
A Força Nacional afirma, no relatório, que “com efeito, não houve qualquer dano aos prédios e patrimônios” do ministério, e que “prontamente atuou em apoio à Polícia Militar (PMDF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Legislativa, em ações de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. O documento foi assinado pelo diretor em exercício, Ivair Matos Santos, que afirmou que dois oficiais ficaram feridos na ação.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério da Justiça para comentar a atuação da Força Nacional na contenção a atos violentos no dia 8 de janeiro, e aguarda retorno.