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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante Foro de São Paulo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante Foro de São Paulo| Foto: Reprodução / Twitter do PT

Brasília é palco, até este final de semana, da 26ª reunião anual do Foro de São Paulo. O evento, que reúne partidos de esquerda da América Latina e Caribe, tem duração de quatro dias e termina neste domingo (2). Com uma programação formada por colóquios e seminários, esquerdistas do mundo inteiro marcaram presença no Foro.

Identificados por um crachá com nome e seu país de origem, os mais diversos tipos de pessoas estiveram em Brasília para marcar presença no encontro. Jovens, idosos, crianças, homens e mulheres, alguns vieram do Equador, Cuba, Venezuela, China, Chile, Uruguai, México e Portugal para participar da programação destinada àqueles que se identificam com a pauta esquerdista.

Depois de três anos, essa foi a primeira vez que a organização se reuniu desde a pandemia de Covid-19. O local escolhido para sediar o evento, um hotel no coração da capital brasileira, tem diárias que custam a partir de R$ 340 [a depender da época do ano], neste final de semana, durante a realização do encontro, tem 90% de seus quartos ocupados.

Representantes do partido de Maduro e do Partido Comunista Chinês marcam presença no Foro de São Paulo 

Com dois auditórios reservados para receber a programação proposta pelo Foro, foi possível observar que representantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) utilizaram um deles para se reunir. Fundado em 2007 pelo antigo ditador venezuelano Hugo Chávez, Nicolas Maduro é o atual presidente do partido.

Conforme apurou a Gazeta do Povo, cerca de 15 pessoas formavam a comitiva venezuelana que veio a Brasília para participar do encontro do Foro. Entre eles, representantes do partido, deputados e ministros do país. A ministra venezuelana dos povos indígenas, Clara Vidal, foi uma das presentes na comitiva.

Um outro grupo que chamou atenção, foi os representantes do Partido Comunista Chinês. A comitiva parece ter chegado ao hotel San Março nesta sexta (30) durante a tarde. Já no início da noite, um novo grupo com quatro representantes do país asiático também chegaram à sede do encontro deste ano.

Ditadores homenageados e exaltados 

Fundado em 1990 por Lula e o antigo ditador cubano Fidel Castro, o Foro de São Paulo foi criado com o intuito de apoiar partidos de esquerda na América Latina.

Na lista dos ditadores filiados ao Foro aparecem nomes como Fidel Castro e Hugo Chávez, líderes autoritários que burlaram as constituições de seus respectivos países para serem presidentes por tempo indeterminado. Além das atitudes autoritárias, os dois são acusados de crimes políticos, contra os direitos humanos e de serem responsáveis pela execução manifestantes da oposição.

No livreto que os participantes do encontro receberam na edição deste ano, a primeira página é dedicada ao cubano. “Fidel Castro, exemplo de unidade e internacionalismo. Entre os incomensuráveis exemplos que Fidel deixou como herança aos revolucionários da América Latina e Caribe, destacam-se os que foram determinantes nas lutas de nossos povos, nossos partidos e movimentos. Estes são a unidade e o internacionalismo consequente”, diz o pequeno livro.

Além destas figuras, outros nomes como Che Guevara, Joseph Stálin e Vladimir Lenin são exaltados no evento. Seus nomes, rostos e livros que contam suas trajetórias são expostos e comercializados por pequenas banquinhas no evento. Eles também aparecem em broches e em canecas.

Foro de São Paulo: um grande comício da esquerda

Na rotina de eventos, os inscritos e convidados do Foro de São Paulo podem ter acesso a uma série de palestras. No cronograma, há seminários voltados para jovens e mulheres que discutem sua inserção na política e para discutir o uso das redes sociais “na luta dos movimentos sociais e populares”.

Há ainda mesas que acontecem a portas fechadas e não são divulgadas. Em uma delas, que aconteceu nesta sexta (30) e a Gazeta do Povo teve acesso, a reunião tinha como tema “a paz e a luta contra o fascismo e pelo direito dos povos”. A mesa ainda propunha discussões entre as organizações partidárias participantes e propostas de coordenação.

“Pede-se que cada movimento ou plataforma tome a palavra para as suas considerações sobre o tema, e para propor ações concretas sobre o tema (campanhas, propostas para mobilização, para comunicação, para formação, etc.)”, propunha a mesa.

Em uma segunda metodologia, ainda era solicitado que a coordenação fizesse “um resumo das propostas anotadas pela relatoria, com a preocupação de construir propostas de consenso, viáveis e com definição de responsáveis, tendo a solidariedade como ferramenta para unir pautas difusas e construir unidade de ação”.

Levando em consideração o discurso feito por Lula na abertura do evento, na quinta-feira (29), fica claro que a organização tem como objetivo tentar reocupar os espaços que foram dominados pela direita nos últimos anos. As reuniões, de um modo geral, visam atingir mais pessoas e fazer dos membros filiados mais engajados na pauta esquerdista.

Estrela do PT e símbolo do MST

No hotel, o fluxo de pessoas era alto, mas nem o espaço nem os seminários estavam lotados. O sotaque latino e os diálogos em espanhol são predominantes, bem como a cor vermelha. A tonalidade representa viés ideológicos como comunismo e o socialismo, e também é a cor do Partido dos Trabalhos (PT).

Outro acessório dominante é a estrela do PT. Seja em camisas, bonés, bolsas, broches ou bandanas, o símbolo que representa o partido fundado por Luiz Inácio Lula da Silva há 43 anos é carregado por brasileiros, uruguaios e cubanos sem distinção. Alguns também carregam as bandeiras de seus respectivos países representados em broches ou estampados na roupa e bonés.

Em sua vestimenta ou acessórios, alguns também carregam o conhecido símbolo do Movimento Sem Terra (MST). Vale ainda ressaltar que os estilos são diversos, há quem use terno e sapato social, mas também aqueles que adotaram ao jeans e uma básica camisa.

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