O PSD, de Gilberto Kassab, já elegeu 882 prefeitos nas eleições 2024, e quer utilizar o resultado expressivo do pleito - já que foi o partido que mais conquistou prefeituras no primeiro turno - para intensificar a campanha pela sucessão de Arthur Lira, do Progressistas, na presidência da Câmara dos Deputados. A legenda indicou o nome do deputado Antônio Brito (BA) para concorrer à presidência da Câmara, em fevereiro de 2025.
Na opinião do professor de Ciências Políticas Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí, a liderança conquistada pelo PSD no primeiro turno das eleições municipais pode fortalecer a candidatura do líder da bancada na Câmara, o deputado Antônio Brito, para a presidência da Câmara dos Deputados. Para o analista, "há um multiplicador de capacidade que tem que ser levado em consideração para poder formar alianças com outros partidos, principalmente os centristas, que podem aumentar as chances de sucesso do deputado na disputa".
Além disso, Elton Gomes reforça que a crescente influência dos partidos de centro na política nacional, caso do PSD, pode criar um ambiente propício à construção de uma futura coalização que pode beneficiar o líder do partido.
"Vai depender do tipo de relacionamento que ele vai construir, dos acordos que ele vai travar, mas o fato é que o PSD tem se tornado um ator muito relevante no cenário político municipal e legislativo brasileiro, o que faz com que Brito possa contar com a rede de prefeitos e de vereadores que podem mobilizar apoio em suas respectivas bases eleitorais, pressionando os congressistas que estão em Brasília a aderir ao projeto dele [Brito]", pontuou o professor da Universidade Federal do Piauí.
Mas o cientista lembra que tudo vai depender das negociações futuras entre os demais partidos na Câmara dos Deputados, como espaço na Mesa Diretora, prioridade para determinados projetos e principalmente a questão do aporte de emendas parlamentares, fatores que poderão influir na escolha dos parlamentares.
"Então, tanto o [Antonio] Brito quanto o [Hugo] Motta estão fazendo isso, estão jogando duro com tudo que eles têm para ver se eles conseguem efetivamente chegar lá. Se essa base do PSD dá uma força, dá um plus, um aumento de capacidade, sim, é verdade que dá, mas não depende só disso", afirmou o professor Elton Gomes.
O presidente do Instituto Monitor da Democracia, Márcio Coimbra, também acredita que o crescimento do PSD nas urnas "pode levar, sim, a um aumento da necessidade da bancada de ter uma pessoa comandando a Câmara dos Deputados". Na avaliação do cientista político, o partido também poderá, dependendo das negociações futuras, compor com outro candidato, até mesmo com Hugo Motta.
"A gente sabe que o Antônio Brito é o nome preferido do Lula, de todos esses aí que estão em disputa, então pode ter chance de isso mudar um pouco [o apoio inicial a Hugo Motta], destacou Coimbra. Mas tudo, segundo o cientista, depende de como o presidente Lula vai se posicionar sobre a sucessão na Câmara dos Deputados.
As eleições para a presidência da Câmara ocorrem no dia 2 de fevereiro de 2025, quando se encerra o segundo mandato de Arthur Lira à frente da Casa. Para ganhar em primeiro turno, o candidato precisa da maioria absoluta dos votos, ou seja, 257 votos. Se nenhum candidato alcançar esse número, os dois mais votados disputam o segundo turno. Em caso de empate, será eleito o candidato mais idoso.
PSD e União mantém candidaturas independentes, mas podem se aliar para fazer frente ao Republicanos
A cúpula do PSD se reuniu num evento nesta terça-feira (8) em Brasília, numa mansão do Lago Sul, bairro nobre da capital federal, para festejar o bom desempenho nas urnas e fortalecer a candidatura do líder na Câmara, Antônio Brito, da Bahia. Ele recebeu os convidados ao lado do também baiano Elmar Nascimento, do União Brasil, tido como um dos preferidos para suceder Lira até pouco tempo.
Antes adversários na disputa pelo comando da Câmara, os dois "presidenciáveis" se aliaram desde que líderes partidários "vazaram" o possível apoio de Lira a um outro candidato, o líder do Republicanos, Hugo Motta, da Paraíba. Motta surgiu como alternativa depois que o presidente da legenda, Marcos Pereira, desistiu de participar da disputa.
Parlamentares do PSD, União Brasil e até do Progressistas prestigiaram o happy hour e nas rodas de conversas a sucessão na Câmara dos Deputados era tema de muitos. Antônio Brito disse à Gazeta do Povo que está confiante, e aposta na resiliência para continuar firme na disputa. "Estou preparado para ser o presidente da Câmara", disse Brito.
Hugo Motta, que é apontado como favorito na disputa, foi convidado, mas não comparaceu. Lira também não foi ao evento, mas, segundo o próprio Antônio Brito, disse que estava fora de Brasília, em agenda. Mas, nos bastidores, a discussão era sobre até quando Elmar Nascimento e Antônio Brito seguirão "juntos" na disputa.
Segundo vários parlamentares ouvidos pela reportagem, e o próprio presidente do PSD, Gilberto Kassab, em entrevista ao UOL nesta terça-feira (8), as candidaturas dos baianos estão mantidas até o primeiro turno das eleições na Câmara. Depois, um poderá apoiar o outro. Ao que tudo indica, Brito deverá ser o nome escolhido, embora o União ainda não tenha batido o martelo.
Integrantes do União avaliam que Elmar Nascimento "não teria mais chance" de ter sucesso na candidatura. Deputados próximos a ele dizem que o Planalto fez com que ele passasse de favorito e amigo pessoal de Lira a "carta fora do baralho". Embora o governo diga que não vai interferir na disputa pela Câmara, o Planalto tem articulado por fora para que o próximo presidente tenha um perfil que possa, se não favorecer, pelo menos não atrapalhar o governo.
E o PSD aposta justamente neste perfil para alavancar a candidatura de Antônio Brito. Gilberto Kassab disse ao UOL que o líder do partido na Câmara tem bom trânsito tanto na direita quanto na esquerda, e inicialmente não enfrentaria grande resistência do Planalto. "Acho que Brito subiu alguns degraus nessa escada para assumir a presidencia da Câmara", afirmou Kassab.
Pelas contas de Kassab, hoje o PSD teria em torno de 100 votos para Brito. Isso sem falar em aliados que poderão surgir ao longo do caminho, como integrantes do MDB, do próprio Progressistas de Lira, do Partido Liberal e até do Partido dos Trabalhadores.
O PT, inclusive, segundo alguns deputados disseram à Gazeta do Povo, em caráter reservado, não está tão fechado com Hugo Motta, até então a aposta principal para suceder Lira, por ser considerado próximo a nomes como o do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que foi cassado, e deu início ao processo de impeachment da então presidente Dilma Roussef.
Um deputado com bom trânsito no Planalto, e que prefere não se identificar, lembrou uma entrevista recente do líder do governo no Senado, Jacques Wagner, numa rádio baiana, quando afirmou que Motta era "cria" de Ciro Nogueira, do PP, e de Cunha, que atualmente tem trabalhado como "coach", uma espécie de treinador de parlamentares, atuando nos bastidores da Câmara.
De acordo com este parlamentar, ao fazer essa declaração, o líder do governo no Senado deu um recado claro sobre o PT não estar apoiando o candidato de Lira, e por isso Antônio Brito teria chances de conseguir maior apoio pela sucessão.
E o governo terá que se posicionar sobre a disputa na Câmara em algum momento, segundo disse o presidente do PSD ao UOL. Resta saber quem será o escolhido e quais serão os termos das negociações, que podem incluir liberação de emendas, cargos em ministérios e até no Tribunal de Contas da União, além da Caixa Econômica Federal.
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