Queiroz estava escondido na casa do advogado Frederick Wassef, que representa a família Bolsonaro em várias ações.| Foto: Fábio Mota/AFP
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O advogado criminalista Frederick Wassef comanda a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso Queiroz, desde o dia 6 de junho de 2019. Foi num imóvel dele que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, foi encontrado e preso em operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo em Atibaia, nesta quinta-feira (18). Segundo o jornal O Globo, o nome da operação — "Anjo" —remete a um apelido de Wassef.

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O advogado também defende o presidente Jair Bolsonaro no caso Adélio Bispo, que atingiu com uma facada o então candidato à Presidência em 2018, em Juiz de Fora (MG). Em outras ocasiões, Wassef atuou de forma informal na defesa de Jair Bolsonaro e opinou sobre temas jurídicos envolvendo o presidente.

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Integrante do círculo mais próximo da família Bolsonaro, frequenta os Palácios da Alvorada e do Planalto, mas não costuma aparecer nas agendas oficiais do presidente. Um dia antes da prisão de Queiroz, o advogado participou cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em Brasília. Na semana anterior, passou a tarde com o presidente na sede do Poder Executivo e deixou o local por volta das 20 horas. O motivo do encontro não foi informado.

Wassef é o que se pode chamar de bolsonarista “raiz”. Crítico do que chama de “indústria dos radares”, defensor de “ações mais efetivas da polícia” no combate à violência, católico praticante, adversário da esquerda, Wassef costuma fazer rondas de carro pela madrugada paulistana, nas quais grava em vídeo flagrantes de desperdício de dinheiro público ou suspeita de corrupção.

Como começou a relação de Frederick Wassef com a família Bolsonaro

O primeiro contato entre Jair Bolsonaro e Fred, como é conhecido, foi por acaso. Wassef ganhou de presente um smartphone quando estava internado para tratamento de câncer, clicou no ícone do Youtube e caiu sem querer em um discurso do atual presidente sobre controle de natalidade. A identificação foi imediata.

No dia seguinte, Fred telefonou para o gabinete de Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Com seu temperamento intenso, convenceu a secretária a passar a ligação ao então deputado. Depois de mais de uma hora de conversa, marcaram um encontro pessoal. Isso foi em 2014.

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Desde então, Bolsonaro e a primeira-dama Michelle passaram a frequentar a casa de Fred e sua ex-mulher, a empresária Cristina Boner, em Brasília. Em 2015, Bolsonaro comprou por R$ 50 mil uma Land Rover de uma das empresas de Cristina. Wassef gosta de dizer que foi o primeiro a incentivar o então deputado do baixo clero a disputar a Presidência, quando a ideia não passava de um devaneio. Fred, nascido e criado em bairro nobre de São Paulo, levou o capitão para circular nos salões da elite paulistana.

Além da amizade, Wassef passou a orientar Bolsonaro juridicamente. “Conheço a família desde 2014 e tive uma atuação de consultoria jurídica e advocacia. Sempre no sentido do restabelecimento da verdade. Bolsonaro é, há tempos, vítima de crimes como denunciação caluniosa, calúnia e difamação. Ele foi vítima de uma insana perseguição contra um homem que é um verdadeiro herói”, disse o advogado, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

Foi Frederick Wassef quem teria convencido o presidente Jair Bolsonaro a mudar a estratégia de defesa no caso Queiroz, quando o escândalo explodiu, em dezembro de 2018. Estava tudo certo para que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro se apresentasse espontaneamente à Justiça para prestar esclarecimentos.

Mas Wasseff disse que o melhor caminho seria recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo fato de Flávio ser senador da República e, em tese, ter foro privilegiado, alegando ter havido uma quebra de sigilo ilegal do parlamentar. Inicialmente, a estratégia surtiu efeito e o STF tomou decisões, mais tarde revistas, que beneficiaram Flávio. Mas, hoje, o caso voltou a tramitar na esfera estadual da Justiça fluminense.

Avesso aos holofotes, Wassef costuma manter a discrição nos casos em que atua

A relação de extrema confiança levou Wassef a desbancar medalhões da advocacia criminal que se ofereciam para defender Flávio. Antes de assumir o caso do senador, Fred atuava como consultor, às vezes aconselhando as advogadas Nara Nishizawa e Paula Barione, que continuam na equipe.

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Avesso aos holofotes, Wassef costuma manter a discrição nos casos em que atua. A decisão de levar Flávio para a frente das câmeras é uma exceção. “Eu não vejo que o papel do advogado seja ficar dando entrevista nem publicidade à defesa técnica do cliente. Via de regra, nunca falo com imprensa, não dou entrevista, jamais permiti ser fotografado.” Mudou nesse caso. “Excepcionalmente, entendi que a situação é atípica, fora da curva. Flávio está sofrendo um massacre midiático.” Recentemente, esteve no programa Aqui na Band para falar do caso Adélio Bispo.

Além do flanco midiático, Wassef se aproximou do Ministério Público do Rio, onde corre a investigação contra Flávio. “Vou atuar diretamente dentro do MP-RJ cooperando, indicando assistência técnica e pretendo provar na própria investigação os equívocos e distorções propagadas pela imprensa.”

Advogado desenhou a linha de defesa de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz

Uma das bases da argumentação jurídica será a versão dada pelo ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Fabrício Queiroz, investigado por movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão.

“Queiroz falou várias vezes que Flávio nunca teve conhecimento de tudo o que ele fez no passado, que jamais foi repassado qualquer valor financeiro a ele. A tal da ‘rachadinha’ não existe.” Indagado sobre o fato de Queiroz ter admitido que recolhia parte dos salários dos funcionários do gabinete para contratar outras pessoas, Wassef disse que se houve algum ilícito, a culpa é do ex-assessor.

“Na verdade não acredito nem em ilícito. Às vezes, a pessoa pode ter feito o que fez achando que era a melhor forma de administrar seu trabalho. Mas, se houve irregularidade, com certeza a responsabilidade é dele. Meu cliente jamais teve ciência”. Embora tenha dois habeas corpus na Justiça do Rio nos quais alega que a investigação contra Flávio é ilegal, Wassef já se prepara para recorrer às Cortes superiores.

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A argumentação que, segundo ele, tem o objetivo de “restabelecer a verdade”, se baseia em cinco pontos: a defesa teve uma vitória quando o ministro Luiz Fux, do STF, trancou a investigação admitindo que houve quebra ilegal do sigilo de Flávio pelo MP do Rio e Coaf (decisão revertida pelo ministro Marco Aurélio Mello); houve vazamento de informações sigilosas; o MP negou que o senador fosse investigado quando, segundo a defesa, era o verdadeiro alvo dos promotores; o filho do presidente foi o único dos 26 integrantes da Alerj investigados por movimentações atípicas cujo caso foi vazado; houve quebra de sigilos e investigação contra um parlamentar sem autorização da Justiça.