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A força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro denunciou à Justiça Frederick Wassef, ex-advogado do presidente Jair Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro. Ele é acusado de peculato (apropriação de bens públicos) e lavagem de dinheiro no suposto esquema de corrupção envolvendo o Sistema S do Rio. As informações são do portal de notícias G1.
Também foram denunciados nesta sexta-feira (25) outros acusados: o empresário e delator Orlando Diniz (que comandou o Sistema S fluminense e teria sido o chefe do esquema); o empresário Marcelo Cazzo (suposto responsável por levar Wassef para o esquema e ex-chefe da publicidade do Sistema S); e as advogadas Marcia Carina Castelo Branco Zampiron e Luiza Nagib Eluf. Se a Justiça acabar a denúncia, todos viram réus.
As denúncias são resultado da Operação E$quema S, deflagrada em 9 de setembro para investigar um suposto esquema de corrupção envolvendo escritórios de advocacia e o Sistema S do Rio – que é composto pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio (Fecomércio-RJ), Sesc e Senac.
A força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) do Rio argumenta que, entre 2012 e 2018, o Sesc, o Senac e a Fecomércio teriam destinado mais da metade de seu orçamento anual a contratos com escritórios de advocacia. Mas esses serviços não teriam sido prestados. Os desvios e mau uso dos recursos chegariam a um montante de R$ 351 milhões.
O advogado Frederick Wassef é investigado por supostamente ter recebido R$ 4,47 milhões por meio do escritório da ex-procuradora Luiza Nagib Eluf, contratada pela Fecomércio. Segundo portal de notícias G1, Wassef teria sido contratado por Orlando Diniz para fazer investigações internas e tentar conter vazamentos de informações do Sistema S. A preocupação de Diniz seria para se manter na direção das entidades – que recebem recursos públicos para se manter.
Wassef ainda não se pronunciou sobre a denúncia. Mas na época da deflagração da Operação E$quema S, ele negou ter cometido irregularidades.
Advogado de Lula já é réu no esquema do Sistema S
A denúncia desta sexta-feira é a segunda feita contra integrantes do suposto esquema no Sistema S. Quando a Operação E$quema S também teve como alvo os advogados Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente Lula, e Cristiano Zanin Martins, responsável pela defesa do ex-presidente nos processos da Lava Jato. Os dois, apontados como líderes do esquema, já foram denunciados – e a Justiça acatou a denúncia, tornando-os réus. Na época da denúncia, Zanin e Teixeira negaram as acusações.
Nesta mesma denúncia do MPF, o advogado Eduardo Martins também se tornou réu. Ele é filho do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Segundo a Lava Jato, Eduardo faz parte de outro braço do esquema: o tráfico de influência no STJ e no Tribunal de Contas da União (TCU) para obter decisões favoráveis para entidades do Sistema S.
Wassef se defende da denúncia: "estão criminalizando a advocacia"
O advogado Frederick Wassef divulgou a seguinte nota: “Estão criminalizando a advocacia no Brasil. Eu não tenho e nunca tive qualquer relação comercial com a Fecomércio, não fui contratado por eles, não recebi um único centavo desta entidade e jamais negociei com eles.
Fui contratado e prestei serviços advocatícios a um renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo, em que a dona é uma famosa procuradora do Ministério Público de São Paulo, conhecida por ter dedicado toda sua vida e carreira a instituição Ministério Público e o combate ao crime, tratando-se de pessoa pública, íntegra, proba e de idoneidade inquestionável.
Os serviços advocatícios foram devidamente prestados, os honorários foram declarados à receita federal e os impostos pagos.
Após dois anos de investigação da Fecomércio, jamais fui intimado ou convocado por qualquer autoridade a prestar qualquer esclarecimento. Desde o início da referida operação “esquema” não fui investigado e ao final não fui denunciado, pois sempre souberam que jamais participei de qualquer esquema.
Estranhamente após a denúncia de todos os advogados citados na referida operação sofri uma busca e apreensão em que nada foi apreendido por não terem encontrado qualquer irregularidade e mais estranhamente ainda resolveram oferecer uma denúncia relâmpago, isolada, baseada em absolutamente nada contra minha pessoa.
A denúncia do Ministério Público Federal é inepta e não descreve qualquer conduta praticada por mim ou mesmo qualquer crime, tendo se limitado a narrar simplesmente pagamentos de honorários advocatícios por serviços devidamente prestados, inovando no Brasil, transformando o regular exercício da advocacia em crime, de forma irresponsável e sem medir as consequências de dano de imagem e reputação a minha pessoa.
Nunca em minha vida respondi a qualquer processo ou fui investigado, sempre tive um nome limpo e sequer em 28 anos de advocacia tive uma única representação em meu desfavor perante a Ordem dos Advogados do Brasil.”