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Como frente ampla de Maia conseguiu unir PT e PSL e embolou a eleição na Câmara

Grupo político de Rodrigo Maia ganhou o apoio de partidos de esquerda na eleição para mesa diretora da Câmara.
Grupo político de Rodrigo Maia ganhou o apoio de partidos de esquerda na eleição para mesa diretora da Câmara: frente ampla. (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta sexta-feira (18) a formação de uma frente ampla, com a participação de partidos de esquerda e de centro, para lançar um candidato único à eleição da Casa, em 1º de fevereiro. Ao todo, o grupo soma 11 partidos — PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede — com 281 deputados.

PT e PSL, que foram adversários ferrenhos na última eleição presidencial, agora estão lado a lado, em um exemplo de força e impacto da frente ampla. Apesar disso, a disputa permanece indefinida. Qualquer prognóstico faltando 45 dias para a eleição é, por certo, precipitado. A verdade é que a disputa por poder na Câmara está mais embolada do que nunca.

O candidato do bloco de Maia, por exemplo, ainda não foi escolhido. E, como a votação é secreta, nada garante que o escolhido do atual presidente da Câmara receberá todos os 281 votos. Traições de última hora são comuns nesse tipo de eleição, em que a palavra empenhada vale menos que a disponibilização de cargos e verba de emendas.

Maia disse que esse bloco vai dialogar nos próximos dias para construção de um nome de centro-direta, mas não descartou a possibilidade de que ele saia, inclusive, do campo da esquerda. Os preferidos de Maia, no entanto, são os deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

"Este grupo que hoje se apresenta tem muitas diferenças, sim. Porque, diferente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático", disse.

Ao lado de lideranças dos 11 partidos do bloco, Maia leu uma carta em defesa da democracia. Segundo ele, a Câmara ganhou projeção nos últimos anos por ter se tornado a "fortaleza da democracia no Brasil; o território da liberdade; exemplo de respeito e empatia com milhões de cidadãos brasileiros".

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que não esconde a preferência por Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara acusou o governo de autoritarismo e citou Ulysses Guimarães, que presidiu a Casa em duas ocasiões: antes da ditadura militar, entre 1956 e 1958, e na redemocratização, entre 1985 e 1989. Lira afirma ter o apoio de dez partidos, com 200 deputados. O último deles, o Republicanos, que até outro dia estava do lado do grupo de Maia.

"Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz", disse. "Certamente, Ulysses Guimarães estaria deste lado aqui e talvez repetiria em alto e bom som: eu tenho ódio e nojo das ditaduras".

Divergências fortalecem frente ampla, diz Maia

A carta do bloco de Maia ressalta a diferença entre os partidos do grupo e sustenta que ele é mais forte em razão dessas divergências. "Esta não é uma eleição entre candidato A ou candidato B. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser capacho do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news", diz.

Nos últimos dias, Maia já havia formado o "núcleo duro" desse bloco, mas hoje, após decisão do PT, o grupo ganhou apoio de partidos da oposição.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que a adesão do partido ao bloco não significa apoio imediato às candidaturas preferidas por Maia. "Temos muito respeito pelos companheiros Aguinaldo e Baleia, mas a oposição construirá um nome para apresentar ao bloco também como alternativa", disse.

Ela reconheceu que o bloco reúne partidos que divergem sobre várias pautas, sobretudo a agenda econômica. "Temos muitas diferenças e já travamos muitos embates nessa casa, mas temos uma pauta que nos une, a defesa da democracia, das instituições e da liberdade dessa Casa", acrescentou, ressaltando que o bloco espera ainda contar com o apoio do Psol.

Presidente do PSL e que deu guarida ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos na campanha de 2018, o deputado Luciano Bivar (PE) disse que o partido tem responsabilidade com as instituições e a democracia.

"Somos contra o radicalismo, mas somos absolutamente intransigentes aos princípios que nos levaram aqui. Embora divergentes, temos pauta comum: o respeito às instituições, à liberdade e a uma sociedade livre", afirmou.

Grupo de Maia vai enfrentar líder do Centrão apoiado por Bolsonaro

O deputado alagoano Arthur Lira (PP) foi o primeiro candidato a lançar o nome oficialmente na disputa pela presidência da Câmara. Líder do Centrão, ele tem o apoio do Palácio do Planalto e promete votar, caso vença, pautas de interesse do presidente Jair Bolsonaro.

Após o anúncio da frente ampla de Maia, Lira ironizou nas redes sociais a articulação de Maia, lembrando que o grupo ainda não tem um nome de consenso para enfrentá-lo.

"Papo reto: sou candidato para dar voz aos deputados. Coisa que vem faltando aqui nos últimos anos. Meu projeto é claro e está posto. Mas eu queria saber uma coisa: quem é o candidato do @RodrigoMaia?", escreveu no Twitter.

A estratégia do líder do Centrão com provocações nas redes sociais é clara. Ele tenta incendiar a militância bolsonarista a abraçar sua candidatura contra Rodrigo Maia e o PT de Lula e Gleisi.

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