A fronteira da Faixa de Gaza com o Egito voltou a fechar totalmente a passagem de estrangeiros no meio da manhã desta sexta (10), no momento em que brasileiros aguardam para sair do território.
O grupo de 34 pessoas entre cidadãos com dupla nacionalidade e parentes diretos foram incluídos na lista de estrangeiros autorizados pelo governo de Israel no final da noite de quinta (9) a saírem do território, e foram transportados para a cidade de Rafah, na fronteira, nas primeiras horas do dia.
A travessia do grupo para o Egito estava prevista para ocorrer ainda nesta sexta (10), o que deve atrasar com este novo fechamento. Ainda não há previsão se a espera para a saída de Gaza vai se prolongar para o final de semana.
Informações preliminares apontam que apenas duas ambulâncias com feridos passaram pela fronteira nesta sexta (10), entre pelo menos uma dezena que estava prevista para atravessar o posto de controle no dia. O governo egípcio não informou o motivo do novo fechamento.
O ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, afirmou que os nomes tanto desta sétima lista de estrangeiros como a sexta, divulgada na quarta (8), não atravessaram a fronteira.
"Há um entendimento entre as partes [Israel e Egito] de que primeiro passam ambulâncias com feridos, e só depois disso passam os nacionais de outros países. E foi então o que aconteceu hoje [sexta, 10], ontem [quinta, 9] e até a quarta-feira [8] em que não houve passagem do lado de Gaza para o Egito por, justamente, impossibilidade de terminarem de passarem as ambulâncias", afirmou o chanceler brasileiro no final da manhã.
Além dos 34 brasileiros e parentes diretos, o grupo autorizado a sair nesta sexta (10) é formado por 600 nomes, com cidadãos também dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Romênia, Rússia, Alemanha, China, Nova Zelândia, Albânia, Holanda, Malásia, Polônia e Indonésia.
O grupo chegou à fronteira por volta das 7h (horário local) e aguardou ao longo do dia para atravessar de Gaza para o Egito e, depois, a repatriação ao Brasil.
O comerciante Hasan Rabee, que está entre os brasileiros que pediram repatriação, disse esperar que a saída ocorra ainda neste final de semana. "Não deu para a gente sair hoje, mas tenho fé que amanhã [sábado, 11] talvez podemos sair, ou depois de amanhã [domingo, 12]. Grande vitória hoje [de estar na lista]", afirmou.
Na última quarta (8), o governo egípcio afirmou que o fechamento da fronteira foi necessário após surgirem denúncias de que militantes do Hamas poderiam estar saindo de Gaza nas ambulâncias com doentes que estão sendo levados ao Egito para tratamento em um hospital de campanha.
Mauro Vieira afirmou que não há como cravar uma data exata para a saída do grupo de brasileiros e parentes próximos de Gaza, por conta das circunstâncias apontadas pelo governo egípcio.
O ministro informou que, inicialmente, os integrantes do grupo retornariam para seus abrigos Rafah e Khan Younis, a pouco mais de 10 quilômetros de distância, para aguardar a próxima autorização para saída de Gaza. No entanto, pouco depois, Vieira afirmou que todas as 34 pessoas foram abrigadas em um local próximo à cidade fronteiriça.
Ele disse, ainda, que não está certo se o resgate será através do aeroporto de Al Arish, a 54 quilômetros da fronteira, ou do Cairo, a mais de 300 quilômetros de distância. O que há de confirmado é que um grupo de diplomatas vai recebê-los no Egito para fazer os trâmites de repatriação no avião que está parado no aeroporto do Cairo aguardando autorização.
Uma médica oficial da Aeronáutica irá acompanhá-los durante toda a viagem de regresso ao Brasil. As primeiras informações apontam que a aeronave fará escalas em Roma, Las Palmas e Recife até chegar em Brasília.
Havia a previsão de que o voo chegaria ao Brasil no domingo (12), mas agora depende de quando o governo egípcio vai reabrir a fronteira.
O governo brasileiro informou ainda que fará uma operação de acolhimento, com documentação, abrigo e alimentação, além de uma possível inclusão em programas assistenciais como Bolsa Família. Uma força-tarefa será mobilizada no aeroporto para os trâmites burocráticos, além da presença de médicos, psicólogos e um posto de imunização para fazer o atendimento imediato.
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