Um vídeo do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que poderia fundir o Banco do Brasil (BB) com o Bank of America (BoFa) – uma das principais instituições financeiras dos Estados Unidos – viralizou nas redes sociais. O discurso, apesar de verdadeiro, foi uma brincadeira que o ministro fez a uma plateia formada por empresários e investidores, segundo o próprio Guedes, o Ministério da Economia e o Banco do Brasil.
A frase foi dita por Guedes na quinta-feira passada (15), em Dallas, nos Estados Unidos, durante a cerimônia de entrega do prêmio "Personalidade do Ano" ao presidente Jair Bolsonaro pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
“Vamos tentar vender a Petrobras, tentar vender o Banco do Brasil. Ou, melhor, tentar fazer uma fusão do Banco do Brasil com o Bank of America. Eles são ótimos no mercado imobiliário e em empréstimos ao agronegócio. Então, vamos juntá-los. Já fizemos isso colocando Boeing e Embraer juntas. Vamos construir empresas transnacionais”, afirmou Guedes, em meio a risos na plateia.
Depois, a jornalistas, incluindo Raphael Sibilla, que cobriu o evento para a Gazeta do Povo, o ministro se explicou e disse que fez a afirmação apenas em tom de brincadeira e que usou uma metáfora para referir às negociações entre a americana Boeing e a brasileira Embraer.
A Boeing anunciou no fim de 2017 intenção de comprar a fabricante brasileira de aviões Embraer. Depois de quase um ano de negociações, elas chegaram em um acordo. Foi criada uma terceira empresa que ficará responsável pela fabricação e venda dos aviões comerciais da Embraer. Essa empresa terá a Boeing como acionista majoritária, com 80% das ações. A Embraer ficará somente com a fabricação e venda de aviões de defesa e jatos executivos.
Procurados pela reportagem, tanto o Ministério da Economia quanto o Banco do Brasil confirmaram que o ministro estava brincando ao falar entre uma associação do Banco do Brasil com o BoFa. O ministério da Economia também negou que esteja sendo avaliada uma fusão ou uma parceria entre os dois bancos nos mesmos moldes do acordo feito entre Embraer e Boeing.
Ministro já havia falado sobre fusão no ano passado
Apesar do tom de brincadeira, não foi a primeira vez que o ministro Paulo Guedes falou sobre uma eventual parceria entre o banco brasileiro e o norte-americano. Logo após a eleição de outubro de 2018, Guedes disse ao site "Poder360" que o Banco do Brasil e o Bank of America poderiam fazer um acordo para operarem juntos e que isso aumentaria a competição do setor bancário brasileiro.
Depois, também ao "Poder360", Guedes falou que isso era uma ideia para ser discutida no futuro e não estaria necessariamente no plano de governo de Bolsonaro. “É uma ideia para ser discutida, se for o caso, lá no futuro.”
LEIA TAMBÉM: O que esperar do Banco do Brasil sob nova direção?
O ministro é amigo de Alexandre Bettamio, presidente do Bank of America para a América Latina, e chegou a convidar o banqueiro para assumir o Banco do Brasil. Bettamio, porém, não pôde aceitar o convite e Rubem Novaes foi nomeado presidente do banco brasileiro.
O Banco do Brasil é uma das principais estatais da União, considerada uma das "joias da coroa", com valor de mercado de R$ 140 bilhões no início de abril e 108 mil funcionários, segundo dados referentes ao fim de 2018. Além de atuar como banco de varejo, seu diferencial é o atendimento ao setor de agronegócio, sendo responsável pelo Plano Safra.