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Eleições 2022

Fusão PSL-DEM: o que está por trás de acordo para criar o maior partido do Congresso

fusão PSL-DEM
Presidente do DEM, ACM Neto, negocia fusão com o PSL: novo partido irá nascer grande. (Foto: João Alvarez/Sistema FIEB)

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Líderes do DEM e do PSL pretendem bater o martelo nos próximos dias sobre a fusão entre as duas legendas. O presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, desembarca nesta terça-feira (21) em Brasília para se reunir com a bancada do Congresso Nacional e definir os critérios para criação do novo partido.

No PSL, as negociações acontecem com a ala do partido ligada ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE). A legenda abriga ainda os deputados próximos ao presidente Jair Bolsonaro, que se desfiliou em 2019. A expectativa é de que parte desses parlamentares deixe o PSL na janela partidária do ano que vem.

Caso se concretize, o novo partido será presidido por Bivar, enquanto a secretaria-geral ficará com ACM Neto. Integrantes do DEM deverão controlar dez diretórios estaduais, enquanto o PSL ficará com 14. Até o momento, os diretórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, considerados os mais estratégicos, ainda não tiveram seus dirigentes definidos.

Pesquisas internas estão sendo feitas para definição de um novo nome e da nova identidade da sigla. Parte dos envolvidos nas negociações defende que o número 25 do DEM seja mantido na urna ao invés do 17 do PSL. O novo partido, que já irá nascer grande, poderá ter cerca de R$ 1 bilhão para o próximo ano dos fundo eleitoral e partidário, e quase dois minutos do tempo da propaganda eleitoral de rádio e TV.

Além do caixa, o novo partido reforçará a sua representatividade dentro do Congresso Nacional, com 81 deputados na Câmara e sete senadores no Senado. “Estamos trabalhando para que o processo avance. Isso significa que nós chegaremos com muita força em 2022 como a maior bancada federal”, afirma o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB).

Nos bastidores, integrantes dos dois partidos admitem que o assunto já está “pacificado”, entre os membros das duas executivas. No entanto, existem resistências em alguns diretórios estaduais, principalmente no DEM. O entorno de ACM Neto admite que ele desembarca em Brasília com a missão de convencer os parlamentares do DEM a trabalharem pela fusão junto a prefeitos, vereadores e comandantes de diretórios estaduais. Tradicionalmente esses parlamentares são próximos desses políticos e exercem influência em seus redutos eleitorais.

Fusão visa manutenção da influência dos dois partidos no Congresso

Integrantes do DEM e do PSL veem na fusão entre os dois grupos uma forma de ampliar o poder dentro do Congresso Nacional e de se distanciar da cláusula de barreira nos próximos anos. No PSL, Luciano Bivar temia que, com a saída de deputados bolsonaristas do partido e sem um presidenciável para 2022, o partido voltasse a ser nanico na Câmara.

No DEM, a debandada de nomes como do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia; do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que migrou para o PSD; e de Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo que foi para o PSDB, também acendeu o alerta na cúpula do partido. O ninho democrata pode perder ainda o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), para o PSD de Gilberto Kassab.

Nos cálculos dos líderes envolvidos nas negociações para a fusão, a expectativa é eleger 80 deputados e pelo menos dez senadores em 2022. Com a maior fatia do fundo eleitoral, o novo partido deverá atrair nomes de legendas como PSD, MDB e PSDB.

Para atrair novos filiados, assessores do DEM e do PSL trabalham em conjunto na criação de um novo estatuto para ser homologado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda nas primeiras semanas de outubro. Os dirigentes do novo partido acreditam que a Justiça Eleitoral levará cerca de quatro meses para homologar a fusão, portanto, em fevereiro de 2022. A estratégia é dar segurança para os novos filiados que poderão ser atraídos durante a janela partidária, que será em março do ano que vem.

Novo partido deverá apoiar terceira via na disputa do ano que vem 

Com tempo de TV e com o caixa reforçado para as eleições do ano que vem, líderes do PSL e do DEM defendem que o novo partido encampe o discurso da construção de uma candidatura terceira via para a disputa presidencial do ano que vem. Até o momento, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta é apontado como pré-candidato pelo DEM, enquanto o PSL testa o nome do apresentador José Luiz Datena.

Ao lado de ACM Neto, Mandetta pretende mensurar junto aos integrantes do PSL o apoio à sua candidatura para 2022. O ex-ministro da Saúde tem admitido aos seus interlocutores que a fusão poderia lhe beneficiar eleitoralmente, mas que tem compromisso em abrir mão de sua candidatura, caso outro nome da terceira via cresça nas pesquisas de intenção de voto.

Em outra frente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, acompanha o desenrolar das negociações sobre a fusão para definir se irá migrar para o PSD. Cortejado pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab, o senador tem sinalizado aos seus aliados que a criação de um novo partido poderia beneficiar sua candidatura ao Planalto.

Apesar das tratativas nos bastidores, Pacheco criticou a “antecipação” da disputa eleitoral e desconversou sobre sua eventual candidatura. “Não podemos precipitar 2022 para 2021. O momento é de união nacional (...). É sempre de muita responsabilidade e muita cautela nessa abordagem eleitoral. Portanto, eu fico com a cautela.”, disse o senador, que participou nesta segunda-feira (20) de um encontro com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em Campinas (SP).

Raio-X do DEM e do PSL 

Deputados federais 

  • PSL: 53
  • DEM: 28
  • Novo partido: 81

Senadores

  • PSL: 1
  • DEM: 6
  • Novo partido: 7

Govenadores:

  • PSL: 2
  • DEM: 2
  • Novo partido: 4

Prefeitos

  • PSL: 91
  • DEM: 471
  • Novo partido: 562

Deputados estaduais e distritais

  • PSL: 75
  • DEM: 52
  • Novo partido: 127

Vereadores

  • PSL: 1.206
  • DEM: 4.347
  • Novo partido: 5.553

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