Assim como no sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro deixou mais cedo a reunião de cúpula das 20 maiores economias do globo (G20), que ocorreu neste final de semana de forma remota por causa da pandemia do novo coronavírus.
No sábado, o presidente fez seu discurso durante a abertura do evento, mas delegou ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a tarefa de permanecer como o representante do país no encontro. Na ocasião, constava na agenda de Bolsonaro uma visita a Macapá, capital do Amapá, estado que sofre há 20 dias um apagão e ainda não teve o abastecimento de energia completamente retomado. Lá, Bolsonaro anunciou isenção do pagamento da conta de luz aos cidadãos e desfilou numa carreata com o corpo para fora do veículo onde estava, sendo protegido por um gaurda-costas na ocasião.
Hoje, porém, o único compromisso público do presidente era a participação na cúpula do G20.
No encerramento do evento, que foi transmitido pela internet, pode-se ver alguns dos líderes mais importantes do mundo participando da reunião até o final, como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron. As imagens também mostraram outros chefes de Estado ou de governo, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández; da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, o anfitrião desta edição.
Ao lado deles, Araújo estava novamente representando o Brasil. Outro presidente que não permaneceu até o encerramento da cúpula do G20 foi o americano Donald Trump, que sempre deixou claro não ser um entusiasta de organismos multilaterais. Para a tarefa, ele escalou o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow.
Em discurso, Bolsonaro diz que o Brasil está disposto a assumir "novos compromissos" ambientais
A participação do presidente na cúpula do G20 neste domingo (22) ocorreu por meio de um discurso, proferido do Palácio do Planalto, no qual Bolsonaro defendeu sua política ambiental. O presidente criticou o que classificou como "frases demagógicas" sobre a questão e afirmou que o governo "continuará protegendo" a Amazônia, o Pantanal e todos os biomas.
Ao abordar o crescimento da agricultura nas últimas décadas, ele pontuou que "essa verdadeira revolução agrícola no Brasil foi realizada utilizando apenas 8% de nossas terras. Por isso, mais de 60% de nosso território ainda se encontra preservado com vegetação nativa".
Nos últimos meses, o mundo tem olhado para a agenda ambiental brasileira por causa das polêmicas em torno da administração das florestas tropicais, em especial da Amazônia. Investidores internacionais já ameaçaram retirar recursos do país, caso o governo brasileiro não amplie a proteção ambiental.
Algumas cadeias varejistas gigantes, principalmente da Europa, também têm condicionado a continuidade das compras de produtos brasileiros a certificações de origem das matérias-primas. Preocupado com o cenário, o Itamaraty pediu a seus embaixadores e demais diplomatas no exterior que tivessem uma postura mais proativa em relação à imprensa internacional, para passarem aos veículos de comunicação dados oficiais.
Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que iria apresentar a "realidade dos fatos". Segundo ele, o Brasil está disposto a buscar novos acordos comerciais com outros países e a assumir "novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade".
"Ao mesmo tempo em que buscamos maior abertura econômica, estamos cientes de que os acordos comerciais sofrem cada vez mais influência da agenda ambiental", reconheceu o presidente.
Em outro momento, o presidente afirmou que o esforço na área de sustentabilidade deve estar concentrado na redução das emissões de carbono. "No cenário mundial, somos responsáveis por menos de 3% da emissão de carbono, mesmo sendo uma das dez maiores economias do mundo", disse. "Por isso, também nesse aspecto, mais uma vez tenho orgulho de dizer que o Brasil possui a matriz energética mais limpa entre os países integrantes do G20."
No Twitter, presidente se compara a gigante
Durante a reunião do G20, Bolsonaro fez uma postagem no Twitter. Ele publicou um vídeo em que um gigante é atacado ao tentar defender uma pequena cidade de uma rocha. O vídeo, baseado na cena de um filme, é também uma analogia a uma publicação feita nas redes sociais por apoiadores do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, há um ano.
"BOM DIA A TODOS. Estou agora em reunião com o G20", escreveu o presidente na publicação. O vídeo, que é um trecho do curta-metragem "Inércia", lançado em 2014, mostra um gigante correndo para tentar impedir que uma rocha atinja uma cidadezinha medieval à beira-mar.
Quando a criatura consegue segurar a pedra, esbarra sem querer em uma construção, que desaba. Nesse momento, ele começa a ser atacado pela cidade e, desapontado, acaba deixando a rocha destruir o que sobrou. A publicação também foi feita no Twitter do ministro das Comunicações, Fábio Faria. "Precisamos apoiar e ajudar esse gigante", escreveu Faria.
O mesmo vídeo foi divulgado por apoiadores de Modi em 2019. Ao final da exibição, aparece uma mensagem de apoio ao primeiro-ministro indiano. "Uma pessoa está indo muito bem, mas ainda assim a nação está culpando-o. Um dia, depois de os limites serem ultrapassados, ele pode perder o interesse", diz um trecho. "Isso é exatamente o que está acontecendo em nosso país e a pessoa a quem estamos nos referindo aqui não é outra senão nosso amado primeiro-ministro #NarendraModi".
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