O governo federal criou um gabinete de crise para apurar a derrubada de três torres de transmissão de energia elétrica desde a noite de domingo (8) nos estados do Paraná e Rondônia. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que tornou o fato público apenas nesta terça (10), há indícios de sabotagem e de vandalismo, como o corte de cabos de sustentação.
Segundo dois boletins informativos enviados à Gazeta do Povo, as quedas das torres ocorreram em linhas que ligam as usinas de Itaipu, Jirau e Santo Antônio ao sistema interligado brasileiro. Por conta disso, segundo a agência e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não houve desabastecimento de energia.
Em um deles, a Aneel cita o repúdio às “ações criminosas praticadas neste domingo [8]”, que culminaram com a invasão aos prédios públicos de Brasília, e diz que manteve contato com o ONS e diretores de operação dos principais centros urbanos do Brasil para “garantir segurança no fornecimento de energia elétrica”.
A primeira ocorrência foi registrada ainda no domingo (8), por volta das 21h30, com a queda de uma das torres da linha Samuel/Ariquemes, em Rondônia. A agência afirma que “há indícios de vandalismo” na derrubada da estrutura, que causou danos em outras duas próximas.
Por conta disso, um plano de contingência foi implementado para restabelecer a transmissão, com obras sendo feitas para a recuperação da estrutura das torres e retorno da linha previsto para a manhã desta quarta (11).
Linha que sai de Itaipu foi danificada, mas não afetou geração e nem abastecimento
Pouco depois, já na madrugada de segunda (9), à 00h13, uma torre de transmissão no município de Medianeira (PR), a aproximadamente 50 quilômetros de distância de Foz do Iguaçu, também foi derrubada com indícios de vandalismo, além de danos em outras três estruturas.
“Não foram identificadas condições climáticas adversas que possam ter causado queda de torres”, diz o boletim da Aneel reforçando que outras duas linhas deram conta de manter o escoamento de energia de Itaipu. À reportagem, a usina informou que segue operando normalmente.
E à 00h40, uma torre de transmissão da linha entre Porto Velho (RO) e Araraquara (SP) foi derrubada também em Rondônia por indícios de sabotagem, “sendo cortados dois estais”, diz o relatório da Aneel. Estais são cabos de aço que sustentam as torres.
Gabinete de crise monitora a segurança da transmissão de energia no país
Segundo informou a Aneel à reportagem, uma série de ações foram tomadas ainda na segunda (9) para evitar novas ocorrências e o desabastecimento de energia elétrica no país, como a criação do Gabinete de Acompanhamento da Situação do Sistema Elétrico Brasileiro.
O órgão vai receber e processar informações referentes a “qualquer tentativa de ataque ou efetivo vandalismo, tanto sob aspecto de integridade física como também cibernética das instalações mapeadas como infraestruturas críticas do Sistema Interligado Nacional (SNI)”, diz em relatório.
Junto disso, foram tomadas outras medidas já previstas em diretrizes do ONS, como a atenção redobrada ao desviar a transmissão de uma linha para a outra para minimizar riscos, e intervenções somente em caráter de emergência que não imponham riscos.
“Medidas especiais de segurança a fim de garantir o suprimento eletroenergético em situações decorrentes de eventos de grande relevância e considerando os acontecimentos recentes”, cita o relatório.
Acampamentos clandestinos devem ser denunciados
A Aneel também enviou ofícios às concessionárias de geração, transmissão de energia e ao ONS para que denunciem eventuais “acampamentos clandestinos de manifestantes” que sejam identificados utilizando energia elétrica das empresas, e seus proprietários e consumidores encaminhados às autoridades.
A agência pede, ainda, que as empresas “operacionalizem planos de contingência relacionados com a integridade física e proteção de dados”, monitorando qualquer risco de ocorrência nas instalações e que mantenham contato prévio com órgãos de segurança pública para o registro imediato de ocorrências.
A agência determinou, ainda, que as empresas enviem boletins diários à Aneel, às 8h30 e às 17h30, indicando qualquer ato, tentativa ou suspeita de ataques às instalações físicas ou cibernéticas. As ocorrências que vierem a acontecer também devem ser detalhadas pelas concessionárias.
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