Convidado para ser o novo ministro da Casa Civil, o general de Exército Walter Souza Braga Netto, ex-chefe da intervenção federal do Rio, é avesso à exposição e prefere ficar longe dos holofotes. Atual chefe do Estado-Maior do Exército, Braga Netto substituirá Onyx Lorenzoni, que deverá ser deslocado para o Ministério da Cidadania.
Nascido em Belo Horizonte, Braga Netto tem 62 anos e cumpre o "perfil mineiro": prefere o trabalho ao verbo. Ao assumir o comando da intervenção no Rio de Janeiro, que lhe concedeu poderes de governador do estado na área da segurança pública, em 2018, ele determinou a seus subordinados e pediu aos familiares discrição nas redes sociais.
O general é tido como capaz de reconhecer talentos e limitações próprias e de sua equipe e não toma decisões tempestivamente. Prefere ouvir diversas opiniões. Pesa ainda a favor o fato de Braga Netto não ter pretensões políticas.
Será o terceiro general da ativa a desempenhar funções na cúpula do Planalto, ao lado do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros.
Descrito como respeitoso, bem humorado e afável, o general Braga Netto tem carreira internacional – foi observador militar das Nações Unidas no Timor Leste, e adido na Polônia e nos Estados Unidos. Trouxe a tradição dos militares americanos de trocar e colecionar medalhas. Eles carregam uma espécie de medalhão com o emblema do local onde estão servindo para presentear os visitantes. Braga Netto possui 23 condecorações nacionais e outras quatro estrangeiras.
Trajetória do general nas Forças Armadas
Entrou no Exército em 1974. Foi comandante do Comando Militar do Leste, que abrange as áreas administrativas e operacionais do Rio de Janeiro, Espírito Santo e boa parte de Minas Gerais. Reúne um efetivo de 50 mil militares, o equivalente a 24% do efetivo militar terrestre. Também já comandou o 1º Regimento de Carros de Combate e foi chefe do Estado-Maior da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada do CML. Foi ainda coordenador-geral da Assessoria Especial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Segundo o jornal O Globo, o Planalto levou em consideração o perfil profissional de Braga Netto na hora de escolher alguém para o cargo. Ele tem capacidade administrativa, sabe lidar com assuntos em um ambiente de grave crise, sem abrir mão da discrição. Além disso, tem experiência e desenvoltura para coordenar tarefas administrativas de alto nível em um ambiente interagências, com foco em resultados, com grande teor de visibilidade nacional e internacional.
Sugestões de melhoria da carreira militar
Em 1994, ainda como major de Cavalaria, apresentou na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) uma monografia com propostas sobre como aproveitar melhor o pessoal na carreira militar, com foco nos oficiais.
Em uma espécie de prognóstico, dizia que "a sociedade, dentro do enfoque da qualidade total, cada vez mais cobrará da instituição a eficácia na consecução de sua destinação fim" e propunha a especialização, por causa das mudanças tecnológicas. "O militar, em particular, deve ser orientado para a função em que apresente um melhor rendimento em prol da instituição. O Exército do ano 2000 necessitará, mais do que nunca, de uma otimização de seus valores humanos", escreveu.
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