Um dia depois da revelação de que o celular do presidente Jair Bolsonaro foi hackeado, o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, disse em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo que nada muda nas recomendações de segurança que já são feitas no governo. O general lembrou que o presidente e ministros de Estado têm a opção de usar o Terminal de Comunicação Seguro (TCS), desenvolvido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Mesmo depois de ser alvo das críticas (inclusive do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro) sobre a eficiência do trabalho do GSI, que tem se adaptado para garantir a liberdade de ação do presidente sem descuidar dos protocolos de segurança. Isso é "página virada", segundo Heleno.
O ministro afirmou que o presidente Bolsonaro confia no GSI e que entre as prioridades, o órgão tem focado nas atividades de inteligência de maneira que seja possível aceitar e trabalhar com a realidade da evolução e rapidez da informação no mundo atual.
Nesta sexta-feira (26), Bolsonaro cumpriu sua agenda normalmente e distribuiu sorrisos. Enquanto a ação de hackers dominava o noticiário na internet, o presidente se aventurou em um simulador de queda livre durante visita ao Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, como se nada tivesse acontecido.
Acompanhe a entrevista do general Heleno:
O senhor pretende modificar os procedimentos do GSI, em relação ao uso de celulares e aplicativos, após a confirmação de que dados de celular do presidente Jair Bolsonaro podem ter sido acessados?
O GSI disponibiliza ao governo federal, por intermédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) um Terminal de Comunicação Seguro, com tecnologia da própria agência, cabendo às autoridades optar pelo equipamento e operá-lo conforme suas necessidades funcionais. O TCS é móvel, permite chamadas de voz, troca de mensagens e arquivos, criptografados com algoritmos de Estado. Mas não permite a instalação de aplicativos comerciais e pode realizar ligações em claro (sem criptografia). E, além disso, preventivamente, publicamos recomendações e alertas para a administração pública federal.
O presidente Jair Bolsonaro, embora tenha sofrido uma tentativa de assassinato, não se retraiu no contato com à população. É mais difícil protegê-lo?
É característica do presidente se aproximar da população. Temos que nos adaptar e garantir a sua liberdade de ação sem descuidar dos protocolos de segurança, o que tem sido realizado.
Ele aceita as restrições impostas pela segurança?
Sim. Às vezes nos exige condutas diferenciadas e oportunas por parte da segurança presidencial.
Desde o incidente em que foi encontrada cocaína no avião reserva que acompanharia a viagem do presidente ao G-20, muito se falou se não seria função do GSI proteger, além do presidente, todo esse entorno. O GSI tem essa função também?
Não. Trata-se de uma questão de competência legal. O GSI é responsável pela segurança pessoal do presidente e do vice-presidente da República, além de seus familiares [Decreto 9.668, de 02/01/19]. Assim a nossa missão está restrita à segurança das aeronaves que irão efetivamente transportar essas autoridades, o que não era o caso da aeronave que fez a escala em Sevilha [Espanha].
Quais as outras atribuições do Gabinete?
Em síntese, assistir diretamente o presidente da República, especialmente, em assuntos militares e de segurança; analisar e acompanhar questões com potencial de risco com ameaça à estabilidade institucional; coordenar as atividades de inteligência federal, de segurança da informação e das comunicações e nas áreas nuclear, espacial e cibernética; e garantir a segurança dos palácios presidenciais e das residências do presidente da República e do vice-presidente da República. Enfim, são competências voltadas, basicamente, para a segurança do Estado e da sociedade.
Como o senhor encarou as críticas do filho do presidente, dizendo não confiar na estrutura do GSI nem para a própria proteção dele?
Entendo perfeitamente a preocupação do vereador Carlos Bolsonaro com a segurança de seu pai, principalmente em função do atentado sofrido pelo presidente. O presidente já afirmou em público que confia no trabalho do GSI. Página virada.
Em maio, quando o senhor anunciou a mudança no comando da Abin disse que era uma “troca para modificar um pouquinho a filosofia do nosso sistema de inteligência”. Qual a diferença da filosofia anterior para a atual?
O termo mais apropriado é um constante aperfeiçoamento da atividade de inteligência. Estamos presenciando, a cada dia, a evolução e a rapidez na tramitação da informação no mundo atual. Temos que aceitar e trabalhar, urgentemente, com essa nova realidade. Esse é o foco para não sermos, constantemente ultrapassados pela mídia, que não tem compromisso com a veracidade da informação. Em temas que requeiram análise é importante se valer dos mais modernos recursos tecnológicos. A inteligência é fundamental no apoio à decisão do presidente da República, principal cliente da Abin. Portanto, temos que ser céleres, oportunos e apresentar informações relevantes.
Sempre se diz que o senhor é o mais próximo auxiliar de Jair Bolsonaro. O próprio presidente, muitas vezes, se refere ao senhor como o “decano”. Como é a relação entre vocês?
A amizade com o presidente vem de longa data, desde a Academia Militar das Agulhas Negras, onde fui instrutor do então cadete Bolsonaro. Acentuou-se durante a campanha presidencial. Estou ciente da minha missão em ajudar o presidente a mudar e colocar o Brasil no lugar que merece e de trazer dias melhores para o povo brasileiro. Acredito no Brasil e acredito que vai dar certo.
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