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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira (8) que a atuação de procuradores e de juízes da Operação Lava Jato em Curitiba foi responsável pela eleição de Jair Bolsonaro (PL) à presidência da República em 2018, e que a capital que foi base das investigações “tem o germe do fascismo” (veja na íntegra).
As declarações foram dadas durante a participação do magistrado no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda. Mendes foi questionado por um dos entrevistadores sobre a decisão que proferiu em 2016 suspendendo a posse do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ministro-chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff (PT). Se assumisse o cargo, Lula não poderia ser investigado pela Lava Jato de Curitiba.
Horas depois da decisão, a Câmara dos Deputados formou a comissão que deu início ao processo de análise e impeachment da então presidente. Mendes diz que não se arrepende de ter decidido pela suspensão da posse por “haver um desvio de finalidade” – que era blindar Lula no processo.
Na sequência, Gilmar comentou o desenrolar dos fatos que levaram ao impedimento de Dilma e completou com as declarações sobre Bolsonaro e a Lava Jato.
“O que eu acho fundamental na sua pergunta é o seguinte: Curitiba gerou Bolsonaro, Curitiba tem o germe do fascismo. Inclusive todas as práticas que desenvolvem, investigações a sorrelfa [dissimulação silenciosa para iludir], investigações atípicas, não precisa dizer mais nada”, afirmou o magistrado.
Gilmar Mendes citou conversas hackeadas de membros da operação Lava Jato, no episódio conhecido como “Vaza Jato”, alegando que havia "combinação de ações" entre a procuradoria e o então juiz federal Sérgio Moro, “talvez por uma certa falta de cultura” e que havia um Código de Processo Penal próprio.
“E depois o que acontece: Moro vaza a delação do [Antonio] Palocci [ex-ministro da Casa Civil de Dilma] entre o primeiro e o segundo turno [da eleição de 2018], participa do processo, assume posição a favor da extrema direita de maneira muito clara”, disparou contra o hoje senador.
O magistrado afirmou, ainda, que a decisão pela prisão em segunda instância proferida na época – revertida em 2019 – não ocorreu por conta apenas da Lava Jato, mas pelo contexto de todo o processo penal, que ele se diz arrependido. “Embora eu não tenha problema nenhum de reconhecer erro”, finalizou.
Moro comentou, no Twitter, a entrevista do ministro: "Não tenho a mesma obsessão por Gilmar Mendes que ele tem por mim. Combati a corrupção e prendi criminosos que saquearam a democracia. Não são muitos que podem dizer o mesmo neste país".