O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atacou os trabalhos conduzidos pela Operação Lava Jato, que estão completando dez anos em 2024. Ele atribuiu à força-tarefa um suposto erro e falha da força-tarefa que, diz, levou a um “retumbante fracasso”.
“A Lava Jato, de certa forma é pai e mãe do bolsonarismo. Um retumbante fracasso. Erramos todos. O judiciário errou, criou um sistema errático, as corregedorias falharam”, disse o ministro em entrevista à CNN Brasil que será exibida neste sábado (23) e que teve trechos divulgados à Gazeta do Povo.
De acordo com ele, o STF está, ainda, sob uma perspectiva de “supremacia que não existe de maneira nenhuma”. A afirmação ocorre em meio a críticas de que a Corte atua em frentes que não seriam de sua atribuição, o que vem sendo contestado desde o ano passado por Luís Roberto Barroso, que preside o tribunal.
Entre os temas que estariam fora disso é a questão do julgamento do porte de drogas para consumo próprio, que o Supremo retomou a análise recentemente e que fez o Senado se articular para proibir.
O Senado começou a discutir na última terça (19) a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que considera crime a posse e o porte de qualquer quantidade de drogas, após a CCJ ter aprovado o texto.
“Vamos aguardar o debate e vamos aguardar também a conclusão do julgamento. Nós estamos dialogando, tentando buscar uma construção. Nós temos 800 mil presos no Brasil hoje, 40% de presos provisórios. Um dos graves problemas de segurança pública é que os presídios são home office do crime [...] e aí vem a questão das drogas”, completou.
Ainda segundo Gilmar Mendes, as investigações de uma suposta tentativa de golpe de Estado que teria sido orquestrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros, ex-assessores e aliados, estão sendo conduzidas “de maneira muito mais clara do que poderíamos imaginar há três semanas atrás, que estamos próximos das pessoas que urdiram, que tramaram, que armaram todo esse cenário”.
O magistrado ainda afirmou que, em relação às eleições municipais deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está sendo desafiado a agir frente ao avanço do uso da inteligência artificial, e que a Corte está criando o que ele chama de “mecanismo vinculante” para monitorar e exigir que as propagandas que tenham ou façam uso da ferramenta façam uma advertência.
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