Ouça este conteúdo
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda (6) por defender o soldado israelense que está sendo investigado no Brasil por supostos “crimes de guerra”.
O militar está passando férias no Brasil e foi alvo de uma notícia-crime da Fundação Hind Rajab (HRF), que apoia palestinos. Ele foi defendido por Bolsonaro.
“Jair Bolsonaro, que sempre defendeu a ditadura, a tortura e torturadores, agora se junta ao governo de Benjamin Netanyahu, que deu fuga a um soldado do exército de Israel investigado por seus crimes pela justiça brasileira. Os genocidas se entendem, não é mesmo”, questionou a petista em uma rede social.
O Ministério Público Federal (MPF) atendeu a um pedido da fundação para investigar o soldado que teria participado do contra-ataque israelense ao Hamas, em Gaza. Neste domingo (5), a juíza federal Raquel Soares Chiarelli determinou que a investigação seja conduzida em “caráter sigiloso” e que a Polícia Federal realize as diligências pedidas pela promotoria.
“Considerando o caráter sigiloso que deve orientar as investigações determino a anotação de sigilo nos autos e, posteriormente, a intimação da Polícia Federal para realização das diligências investigativas postuladas pelo MPF”, escreveu a magistrada ressaltando a dispensa de uma possível prisão do militar.
A notícia-crime contra o soldado foi apresentada nos últimos dias de 2024 pelos advogados Maira Machado Frota Pinheiro e Caio Patrício de Almeida, que o acusam de ser um “criminoso de guerra”. Eles argumentam que, como signatário de tratados internacionais, incluindo a Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma, o Brasil teria a obrigação de investigar e reprimir crimes dessa natureza, mesmo que ocorram fora de seu território.
A juíza fundamentou a decisão de abertura da investigação no princípio da extraterritorialidade e da competência universal, que permite processar e julgar crimes graves independentemente do local onde foram cometidos.
A decisão da magistrada gerou repercussão em Israel. O congressista Dan Illouz, do partido governista Likud, classificou o Brasil como “patrocinador de terroristas”.
“O Brasil se tornou um Estado patrocinador de terroristas. Em vez de perseguir terroristas, persegue um soldado das Forças de Defesa de Israel – um judeu que sobreviveu a um massacre brutal e defende seu povo. Uma vergonha imperdoável. Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição a seus soldados e, se o Brasil não corrigir seu caminho, pagará um preço”, escreveu Illouz em suas redes sociais.